Última alteração: 26-10-2019
Resumo
A Educação a Distância (EaD) veio ao encontro de todas as necessidades emergentes deste novo mundo que contempla o avanço das tecnologias, a velocidade das informações e a rotina cada vez mais intensa. Com isso, surge o perfil de um novo aluno, no qual demanda novas metodologias, novas ferramentas e novas teorias de aprendizagem um novo olhar sobre as possibilidades de aquisição de conhecimento e o surgimento de um aluno autônomo e protagonista do seu desenvolvimento intelectual. Para que isso ocorra as instituições de ensino estão utilizando ferramentas de tecnologia de informação e comunicação e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem – os AVAs que estão sendo cada vez mais utilizados no âmbito acadêmico como uma opção tecnológica na Educação contemporânea, em que os atores principais se encontram geograficamente separados e necessitam ser mediados a partir de Tecnologias de Informação e Comunicação.
Nos últimos anos, a incorporação de novas tecnologias computacionais de comunicação possibilitou o desenvolvimento dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) como novos meios de apoio ao aprendizado à distância, estes ambientes se constituem em importantes ferramentas para trocas de informação, interações e disponibilização de materiais de apoio ao estudo (RIBEIRO, MENDONÇA & MENDONÇA, 2007).
Em termos conceituais, os AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo (Belmonte & Grossi, 2010), configuram-se como um espaço de aprendizagem contínua, onde a colaboração e cooperação entre professores e alunos se faz através da tecnologia considerando o tempo, espaço e ritmo de cada aluno.
Segundo Milligan (1999), para a gestão do aprendizado e a disponibilização de materiais, um AVA deve apresentar algumas ferramentas como:
● Controle de Acesso: geralmente feito através de senha;
● Administração: refere-se ao acompanhamento dos passos do estudante dentro do ambiente, registrando seu progresso por meio das atividades e das páginas consultadas;
● Controle de tempo: feito através de algum meio explícito de disponibilizar materiais e atividades em determinados momentos do curso, por exemplo, o recurso calendário;
● Avaliação: usualmente formativa (como por exemplo, a auto avaliação); - Comunicação: promovida de forma síncrona e assíncrona;
● Espaço privativo: disponibilizado para os participantes trocarem e armazenarem arquivos; - Gerenciamento de uma base de recursos: como forma de administrar recursos menos formais que os materiais didáticos, tais como FAQ (perguntas frequentes) e sistema de busca;
● Apoio: como por exemplo, a ajuda on-line sobre o ambiente;
● Manutenção: relativo à criação e atualização de matérias de aprendizagem.
A grande variedade de ferramentas digitais e recursos tecnológicos disponíveis atualmente, viabilizam cada vez mais a redução de dificuldades enfrentadas pelos alunos devido a distância física entre estes e seus professores. Um Ambiente virtual de aprendizagem de qualidade permite criar um ambiente em que alunos e professores sintam-se mais próximos e que o aprendizado ocorra de forma cooperativa e colaborativa.
A Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, até 2018, utiliza um ambiente virtual de aprendizagem denominado NetAula. O mesmo foi desenvolvido pela própria instituição e por muitos anos possibilitou que a educação a distância se consolidasse através desta ferramenta. Mas com o passar dos anos a tecnologia empregada na NetAula começou a ficar obsoleta em muitos aspectos como, falta de responsividade. Uma web responsiva é uma técnica de estruturação HTML e CSS, em que o site se adapta ao browser do usuário sem precisar definir diversas folhas de estilos para cada resolução (PRINCIWEB, 2019). Outros pontos negativos se referem ao fato de a cada nova ação do usuário se abria novas abas, nenhuma ferramenta de comunicação por áudio e vídeo disponível e o principal é o fato da ferramenta não possuir integração com nenhum outro software. Assim, no ano de 2019, a Universidade lançou o seu mais novo AVA – AULA, com a promessa de um Ambiente Virtual de Aprendizagem mais moderno, com um visual mais atrativo e repleto de ferramentas que foram desenvolvidas com o objetivo de intensificar as interações entre professores e alunos. O Aula pode ser usado em qualquer plataforma e se adapta à tela do usuário com excelente rapidez no acesso aos recursos na internet. Totalmente responsivo. Possibilita acesso nos dispositivos móveis, celulares, tablets, notebooks, smartphones, além de computadores. Tecnologias digitais que permitem a mobilidade e o acesso à rede. Todo o novo ambiente de aprendizagem abre na nuvem. Não há problemas com espaços para armazenamento. Está sobre uma camada do Google que já fornece o player para documentos, vídeos, etc. Nas salas virtuais das disciplinas, o aluno verifica atividades que tenham questões avaliativas não respondidas, interações não lidas. O Aula favorece a interação para que o estudante visualize tudo o que tem de novo e organize o trabalho dentro do ambiente. A identidade visual é bem próxima da que já existe nas redes sociais, por isso fica natural para o universitário trabalhar nesse ambiente (ULBRA, 2019).
Neste contexto o objetivo deste estudo foi investigar o desempenho dos alunos de cursos de Pós-Graduação na Modalidade a distância em dois diferentes Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA´s), analisando alguns indicadores importantes como interações na plataforma, desempenho nas atividades de avaliação virtual através de um estudo descritivo com dados secundários obtidos mediante a análise de salas de aula virtuais.
O presente estudo caracteriza-se por um estudo descritivo. Os estudos descritivos visam delinear as características de uma determinada população ou fenômeno ou estabelecer uma relação entre as variáveis (GIL, 1999). A população alvo deste estudo constituiu-se das disciplinas ofertadas na modalidade 100% a distância de cursos de Pós-graduação ofertados pela ULBRA no segundo semestre de 2018 e no primeiro semestre de 2019. Para fazer parte deste estudo foi selecionada uma amostra não-probabilística por Conveniência de 14 disciplinas. A amostragem não probabilística é subjetiva e não aleatória, e permite que os pesquisadores selecionem suas observações de forma intencional (COOPER & SCHINDLER, 2003).
A coleta de dados se deu através de um Roteiro de Questões preenchido a partir da observação de turmas de uma mesma disciplina e mesmo professor ofertadas em dois Ambientes Virtuais de Aprendizagem distintos: NetAula e AULA. As variáveis investigadas correspondem a indicadores de desempenho, interação e evasão, obtidos mediante a análise de dados secundários disponibilizados em cada Ambiente Virtual.
Os resultados preliminares foram analisados através de estatísticas descritivas e análise qualitativa de dados (SIEGEL, 1975). Os dados foram analisados através do software de estatística SPSS versão 22.0.
Após a análise em uma amostra inicial de 14 disciplinas, alguns indicadores foram observados como: Nº de participações nos Fóruns, Nº de materiais disponibilizados na trilha de aprendizagem da disciplina e o percentual de reprovações. Os valores obtidos para estes indicadores foram comparados estatisticamente através do teste não-paramétrico Wilcoxon com o objetivo de identificar diferenças significativas. Para estas comparações apenas o indicador Percentual de reprovações apresentou diferença significativa nos seus valores quando comparados entre os dois AVA´s, verificou-se uma porcentagem de reprovações na NetAula de 9,2% e no ambiente AULA este valor é 3,6%. Este resultado permite destacar um percentual de reprovações inferior no AULA (Tabela 1).
Tabela 1. Comparação dos valores obtidos dos indicadores para cada AVA
Indicador
NetAula
AULA
p
Média
DP
Média
DP
Nº de Participações nos Fóruns
47,0
42,6
50,0
38,1
0,875NS
Nº de Materiais na trilha de aprendizagem
5,6
2,7
6,6
1,2
0,150NS
Percentual de reprovações
9,2
9,3
3,6
3,7
0,023*
DP – Desvio-padrão; NS – Não significativo; *significativo p≤0,05
Em relação aos materiais disponibilizados na composição da trilha de aprendizagem, observa-se que na NetAula há um predomínio absoluto de texto (apostilas, livros) e vídeos produzidos pelo Laboratório de Criação Ulbra; já no AULA a diversificação de materiais é maior, pode-se observar o uso de links, vídeos gravados pelo próprio professor, uso de ferramentas digitais como Google sites, Power point narrado, e-books. Essa diversificação de recursos veio ao encontro de um novo ambiente virtual mais moderno e dinâmico.
Em um AVA ativo espera-se que o estudante seja ator principal do processo de aprendizado e o nível de interação e participação deve estar diretamente ligado ao desenvolvimento do conhecimento (HRASTINSKI, 2009). Neste sentido verificou-se que em ambos os AVA´s os alunos participaram quase que de forma similar, por isso os resultados não foram significativos.
Outro ponto não significativo, como resultado da pesquisa, é o número de materiais na trilha de aprendizagem no comparativo entre os AVA´s. Pode-se inferir que este ponto não deu discrepância uma vez que o professor já é fomentado a utilizar distintos materiais no ambiente virtual. Esta questão é corroborada por Pallof & Pratt (2002, p. 142) ao afirmarem que “o professor deve usar uma variedade de técnicas para conduzir os alunos na direção de abraçar determinado objeto comum”.
De uma forma geral este estudo contribuiu para os estudos sobre a educação a distância que versam sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação, por meio de uma pesquisa descritiva. Verificou-se a importância de um ambiente virtual mais amigável, com tecnologia moderna e recursos que permitam maior interação entre professor e aluno.
Esta pesquisa identifica como limitação o tamanho da amostra. Acredita-se que em futuras análises é importante coletar dados com um grupo maior de turmas. Ademais, pode-se realizar uma pesquisa com os alunos que utilizaram os dois ambientes virtuais de aprendizagem e verificar a percepção dos mesmos sobre os AVA´s, bem como analisar o tipo de metodologia utilizada em cada uma das ferramentas.