O presente projeto tem como objetivo compreender a dinâmica na relação professor-alunos da E.M.E.F. de Surdos Bilíngue Salomão Watnick que influencia no fluxo de empréstimos de livros da biblioteca da escola. Nesta escola é verificado um alto índice de empréstimo de livros na biblioteca por parte dos estudantes. No sentido de compreender como essa motivação à leitura se dá a partir da mediação escolar se faz de extrema importância averiguar e analisar o processo integral que é empregado pela escola em relação a biblioteca.  Na cultura surda o ato de ler livros tem uma dificuldade a mais, pois a língua portuguesa é a segunda língua do sujeito surdo conforme nos afirma a professora Karin Wentzel, “Os livros que trazem escritos em língua portuguesa são sempre uma tradução pro aluno surdo, ele precisa traduzir pra sua língua, pra língua de sinais aquilo que tá escrito ali.” Não raro vemos em escolas públicas bibliotecas que não abrem as portas, seja por falta de capital humano ou mesmo desinteresse dos gestores institucionais. Essas ações acabam burocratizando o acesso a biblioteca e negando a oportunidade (muitas vezes a única) de ampliação cultural aos educandos. PIMENTEL (2007, p.24) pondera que, “No entanto, nem toda escola é igual. Muitas delas sabem valorizar esse tesouro fantástico e tornam as bibliotecas suas aliadas no fazer pedagógico, tornando-a uma extensão da sala de aula.” A Salomão é uma dessas instituições e faz o caminho inverso ao utilizar o espaço da biblioteca como forma de apaixonar seus alunos no ato da leitura e do empréstimo de livros. E se há interesse por parte dos alunos em algo na escola é porque tem alguém que é apaixonado pela tarefa que executa. Pensando na importância de a biblioteca estar inclusa no dia-a-dia da escola BARATZ (2017) diz “O sucesso dos alunos também reside na presença e no uso das bibliotecas escolares.” Ao incentivar os educandos a leitura se está indo ao encontro com o que Paulo Freire diz “(...) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção.” (FREIRE 2009, p22). A leitura é muitas vezes a única forma de ter uma retomada de consciência, de se entender sujeito, de conhecer outros mundos e outras realidades que dificilmente são acessíveis a maioria dos alunos de escolas públicas devido às dificuldades financeiras. Desse modo, ambientes que propiciam livros, revistas, jornais e outros modos de ler a escrita e o mundo são promotores de cidadania.  FREIRE (1999, p.84) lembra ainda que “A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mundo.” Assim, é a partir do convívio com a diversidade cultural que o sujeito exercita a tolerância e assim se entende como pertencente a uma determinada realidade e desse modo se compreende ator das transformações do seu mundo. Desse modo este trabalho terá relevância para as áreas de história e de inclusão, haja vista que faz um levantamento de dados que podem ser aplicados em outras bibliotecas escolares podendo assim ser aplicado como promoção ao interesse de alunos no contexto do manuseio de livros bem como a leitura e pesquisa bibliográfica.

REFERÊNCIAS

BARATZ, Comunidad. Os 8 objetivos da biblioteca escolar no processo educacional. disponível em: <https://medium.com/infoconabiblio/os-8-objetivos-da-biblioteca-escolar-21e7a1db8bee> acesso em 12 de set de 2019.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Série ecumenismo e Humanismo, 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

_____________. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

HÜSBNER, Lilian Cristine. Para formar novos leitores. Neuroeducação, São Paulo, nº9, P. 31-37, setembro.2017.

PIMENTEL, Graça et al. Biblioteca escolar. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/biblio_esc.pdf> acesso em 10 de set de 2019.

WENTZEL, Karin. Dados sobre o Projeto de empréstimos de obras da Escola de Ensino Fundamental de Surdos Bilíngue Salomão Watnick. Entrevista concedida no dia 13 de set de 2019.