O futebol, enquanto prática desportiva, está bastante presente na nossa sociedade.

Se prestarmos atenção percebemos que as crianças começam desde cedo seu contato com o futebol, desencadeando o interesse pelo esporte. A praticidade e fácil adaptação que este esporte oferece favorece ainda mais para torna-lo o mais conhecido e praticado no país. Tais fatos são motivos para a grande proliferação de escolinhas de futebol.

Por ser um esporte tão popular, ocorre exigência por um maior nível de rendimento dos praticantes (aspectos cognitivo, psicológico e motor). Neste contexto é que um bom trabalho de iniciação esportiva se faz necessário. Todo trabalho de iniciação requer cuidados especiais e tudo que acontecer em uma vivência nova como essa vai marcar a vida do aluno. Vitórias e frustações podem fazer com que o aluno ame o esporte ou passe a odiá-lo para o resto da vida.

Freire, Voser, Lucena, Costa, Tenroller (2006, 1999, 2002, 2003, 2008) entre outros autores acreditam que o trabalho com as escolinhas de esportes se materializa por meio de uma prática pedagógica, estimulando desenvolvimento global e harmonioso dos alunos, respeitando seus estágios de crescimento e desenvolvimento aliado ao aprendizado dos fundamentos exigidos pelo futebol. Isto é alcançado mediante atividades prazerosas e lúdicas, desmistificando o trabalho com iniciação desportiva de ser lugar de “formação de futuros craques”, aprendendo gestos técnicos e estereotipados. É necessário que os alunos se sintam bem com aula, livre de tensões para o melhor aprendizado.

“A importância da aprendizagem, do método de ensino, justifica-se pela necessidade da formação de um aluno inteligente que possa resolver, da maneira mais apropriada, os problemas que ele encontra em forma de situação de jogo”, cita Costa (2003, p3). Quanto maior a experiência motora, mais rapidamente o praticante estará apto. As habilidades básicas e de base são fundamentais para a execução de técnicas mais específicas da modalidade.

Scaglia (1996, p.6) cita que os fundamentos básicos do futebol podem começar a ser trabalhados aos 7 anos, porém ainda pensando mais em ampliar o vocabulário motor das crianças do que o esporte em si; e aos 11/12 anos, com uma base sólida construída e uma bagagem motora desenvolvida, a preocupação se volta para o aprimoramento e desenvolvimento dos fundamentos derivados. Aos 13/14 anos a ênfase é dada para o aprendizado do posicionamento tático e das posições dos jogadores durante o jogo.

Ao final, percebe-se que as escolinhas podem, além do aprendizado do futebol, promover a saúde, hábitos saudáveis, valores (éticos, sociais e morais), criatividade e criticidade, longe de apenas “especialização precoce”, mas especialização da cultura motora. É visto a importância de uma prática esportiva bem orientada, estudada, respeitando os limites e possibilidades de cada indivíduo. Cabe ressaltar também que é missão do treinador/professor motivar os participantes a gostar da prática esportiva, a qual deve ser praticada por prazer e não por obrigação. Os valores alcançados através do esporte (regras, amizade, colaboração, disciplina, iniciativa, criatividade, superação e muitas outras) resumem condutas positivas que cada aluno assume para si mesmo para além dos ginásios e gramados.