A agricultura orgânica está diretamente relacionada a sistemas sustentáveis de produção que não permitem o uso de fertilizantes sintéticos, defensivos químicos e o uso de organismos geneticamente modificados (OGMs), regulamentado pelo decreto N° 6.323 do Ministério da Agricultura (MAPA). O MAPA tem a função de fiscalizar os produtores, verificando o atendimento das normas de produção orgânica para certificação. Além desse controle, associações ou cooperativas também acompanham a produção e garantem a rastreabilidade dos produtos. A produção orgânica abrange hortaliças, frutas e, principalmente grãos produzidos em grandes lavouras. Especificamente no caso do milho, o controle da produção orgânica envolve também a seleção adequada da semente para plantio e cuidados na polinização por lavouras transgênicas (ambos para evitar a presença de OGMs nos grãos). A verificação da presença de OGMs em produtos alimentícios é realizada pela detecção de DNA específico destes organismos com o uso da técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR, do inglês polymerase chain reaction) em tempo real. O objetivo deste estudo foi detectar a presença de OGMs em produtos orgânicos com milho na sua composição. Até o presente momento foram analisadas 14 amostras de produtos comerciais orgânicos, convencionais e com a presença de transgênicos (conforme identificação nas embalagens). Os tipos de amostras consistiram de pacotes de biscoitos, farinhas de milho e embalagens com espigas de milho verde para consumo in natura. As amostras foram adquiridas no comercio local e de outras regiões. O DNA foi extraído pelo método de adsorção em sílica e amplificado pela técnica de PCR em tempo real das regiões genéticas p-35S, Cry 1A.105, t-NOS (todas de milho OGM) e do gene endógeno hmg (presente em qualquer tipo de milho). Os resultados demonstraram que o gene endógeno hmg foi detectado em todas as amostras. Nenhum alvo OGM foi detectado em seis amostras, destacando três convencionais (um pacote de biscoito e duas embalagens de milho verde) e três orgânicas (uma farinha, uma embalagem de milho verde e um pacote de biscoitos). As três amostras rotuladas como OGMs (duas farinhas e um pacote de biscoitos salgados) apresentaram resultado positivo para pelo menos um dos alvos de OGMs pesquisados. Já em dois produtos rotulados como orgânicos (uma farinha e uma embalagem de milho verde), foi detectada a presença de um dos alvos OGMs. Estes resultados demonstram que os testes possibilitaram detectar OGMs em produtos alimentícios com milho na sua composição. A detecção de OGMs em produtos orgânicos pode ter ocorrido pelo uso de sementes transgênicas no plantio ou pela contaminação com pólen de lavouras vizinhas. Este procedimento deve auxiliar na fiscalização do uso de OGMs em produtos orgânicos.