Última alteração: 01-09-2016
Resumo
O câncer de pulmão é um dos mais agressivos com uma razão mortalidade/incidência de, aproximadamente, 90%. Entre os subtipos de câncer de pulmão, o carcinoma de pulmão de não-pequenas células (CPNPC) constitui mais de 80% de todos os casos. A cisplatina, ou cis-diaminodicloroplatina (II) (CDDP), é o agente quimioterápico mais utilizado no tratamento do CPNPC, porém o seu uso clínico está limitado ao seu efeito tóxico, além do desenvolvimento de quimiorresistência. Diante disso, a identificação de novos alvos terapêuticos se faz necessária. A terapia adjuvante com curcumina (CUR), componente do extrato de Curcuma longa L., tem apresentado resultados promissores, visto que estudos apontam que esse fitoquímico possui efeitos anti-cancerígenos, anti-inflamatórios e antioxidantes. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da CUR na viabilidade celular associada, ou não, com CDDP em linhagem celular de CPNPC. Para isso, foi utilizada a linhagem celular de CPNPC humano NCI-H460, mantida em meio de cultura DMEM suplementado com 10% de soro bovino fetal inativado a 37ºC, em atmosfera úmida, contendo 5% de CO2. A citotoxicidade aguda foi avaliada através do ensaio colorimétrico de sulforodamina B (SRB), no qual as células foram submetidas aos tratamentos com CUR e CDDP isoladas na forma de pré-tratamentos (CUR seguido de CDDP e CDDP seguido de CUR e co-tratamentos (CUR e CDDP simultâneos) em concentrações variando de 0 - 100 µM por 48 h. O efeito na proliferação em um período mais prolongado foi avaliado pelo ensaio clonogênico, no qual as células foram expostas aos mesmos tratamentos com concentrações de 0 - 50 µM por 48 h. A seguir, as células foram plaqueadas e avaliadas por 7 dias em meio de cultura sem os tratamentos. Ensaios de migração celular estão em andamento. Na caracterização do efeito agudo, foi observado que a CUR isolada afeta a viabilidade celular, apresentando uma dose cerca de 3 vezes maior do que a CDDP isolada, sugerindo uma menor sensibilidade das células a CUR. Por outro lado, o pré-tratamento com CUR, seguido de CDDP, aumentou o IC₅₀ da CDDP, mostrando que a CUR reduz o dano induzido por CDDP. Na avaliação do efeito tardio, a CDDP isolada, quando comparado ao controle não tratado, reduziu a fração de sobrevivência em todas as doses utilizadas. No tratamento com CUR isolada, essa redução se deu a partir da dose de 25 µM, e o pré-tratamento com CDDP seguido de CUR, reduziu a fração de sobrevivência em aproximadamente 80%. Portanto, através dos experimentos realizados, concluímos que a CUR possui efeito citotóxico na linhagem celular de CPNPC NCI-H460 em doses maiores que a CDDP. Por outro lado, na forma de pré-tratamento agudo (CDDP seguido de CUR), a CUR reduz o efeito da CDDP, indicando uma ação protetora aos danos causados pela CDDP. Além disso, esse tratamento também apresenta efeito a longo prazo, evidenciando que os danos agudos causados pela CDDP são reparados pela CUR.