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DO HOSPITAL AO POSTO DE SAÚDE: O QUE MUDA NA QUALIDADE DA PAISAGEM DO PEDESTRE
Última alteração: 30-08-2016
Resumo
Este trabalho integra projeto que investiga a inserção urbana de estabelecimentos de saúde no Litoral Norte do RS, do ponto de vista da estrutura urbana e também das práticas cotidianas. Em sua primeira fase, a análise dos quatro hospitais da região confirmou o hospital como promotor de centralidade que altera a fisionomia do entorno. Contudo, a rara exploração científica do tema exige aprofundamento. Neste sentido, a fase atual visa acurar o entendimento do impacto ao nível do chão e as ferramentas de avaliação da paisagem do pedestre; além de incorporar outros equipamentos, como postos de saúde, para fins de comparação. Aqui são apresentados os resultados parciais da análise realizada no entorno do Posto de Saúde Dr. Rubens Paim Cruz, situado na cidade de Três Cachoeiras, também no Litoral Norte. Objetiva-se confirmar a hipótese de que o posto de saúde se comportaria de forma oposta ao hospital, uma vez que não teria força suficiente para atuar, visto de cima, como polo gerador de centralidade, atrair outros estabelecimentos de saúde ou influenciar significativamente a dinâmica de fluxos viários. Assim como, ao nível do chão, não possuiria porte suficiente para gerar transtornos, por não criar descontinuidades no tecido urbano e não apresentar grande extensão de fachadas cegas ou interfaces pouco amigáveis. Isto faria do posto de saúde um equipamento próprio da escala do bairro, pouco influente ao nível da estrutura, mas significativo na escala humana. Considerando sua inserção em entorno residencial, sem variações de uso que justificassem análises mais aprofundadas ao nível da estrutura, a primeira etapa de avaliação do posto de saúde parte da verificação da qualidade da paisagem do pedestre, através de levantamento fotográfico, utilizando método simultaneamente aplicado aos hospitais. Aciona os 12 critérios sistematizados por Gehl nas categorias proteção, conforto e bem-estar, classificados em bom, mediano e ruim, segundo escala utilizada em estudo análogo. Preliminarmente, conclui-se que a paisagem do pedestre no entorno do Posto de Saúde Dr. Rubens Paim Cruz oferece proteção mediana contra tráfego e crime, principalmente pela falta de sinalização e iluminação, e proteção ruim quanto a experiências sensoriais desconfortáveis. Quanto ao conforto, há boas oportunidades para ver, condição mediana para sentar-se, ouvir e conversar, e condições ruins para caminhar, permanecer em pé e brincar, especialmente pela inadequação das superfícies e do mobiliário urbano. Na categoria bem-estar, ainda que possua boa escala, não oferece estímulos sensoriais e estéticos adequados. Dessa forma, mesmo confirmando a hipótese de que não gere transtornos pelo porte ou extensão de fachadas cegas, depreende-se que a qualidade da paisagem do pedestre no entorno do referido posto apresenta escassez de estímulos e atrativos ao usuário, principalmente pela falta de projeto urbano e de tratamento paisagístico pertinente.
Palavras-chave
Posto de saúde. Inserção urbana. Paisagem do Pedestre. Arquitetura e Urbanismo.
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