Portal de Eventos da ULBRA., XXII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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ANÁLISE DA FORÇA DA MORDIDA E VARIAÇÃO NA MORFOLOGIA DO CRÂNIO E DA MANDÍBULA DE CTENOMYS MINUTUS (RODENTIA: CTENOMYIDAE) ENTRE HABITATS EVIDENCIA SELEÇÃO NATURAL DIVERGENTE
Thamara Santos de Almeida, Bruno Busnello Kubiak, Renan Maestri, Leandro Rodrigues Borges, Thales Renato Ochotorena de Freitas

Última alteração: 10-10-2016

Resumo


A ecomorfologia é definida como a importância do papel do ambiente na observação de diferentes fenótipos, promovendo assim o entendimento do histórico evolutivo das espécies. Dentro do gênero, a espécie Ctenomys minutus é uma das exceções quanto a sua distribuição, pois ocorre em dois ambientes distintos com diferenças na dureza do solo e disponibilidade de recursos (dunas e campos de areia). Nesse contexto, o presente estudo compreende três objetivos: i) Analisar se a força da mordida varia entre os dois ambientes; ii) Analisar se o formato do crânio e a força da mordida apresentam relação; iii) Verificar se há diferença na força da mordida entre os sexos. Foram analisados 88 crânios e mandíbulas, sendo 38 crânios de indivíduos das dunas (13 machos e 17 fêmeas) e 50 crânios de indivíduos do campo (28 machos e 22 fêmeas). Os crânios e as mandíbulas foram obtidos na coleção do Laboratório de Citogenética e Evolução do Departamento de Genética da UFRGS. A força da mordida foi mensurada para cada espécime por meio da fórmula: Zi = ((comprimento ântero-posterior do incisivo)²×(largura media-lateral do incisivo))/6), onde Zi é o índice de força do incisivo. Análises de morfometria geométrica foram feitas com base em fotografias de cada crânio nas vistas dorsal, ventral e lateral, e lateral da mandíbula, onde 29 marcos anatômicos foram digitalizados na vista dorsal, 30 na ventral e 21 na vista lateral do crânio, e 13 na vista lateral da mandíbula, com o programa TPsDig2. Utilizamos a análise generalizada de Procrustes para acessar a forma dos indivíduos no programa MorphoJ. A análise de covariância, aplicada para verificar a diferença da força da mordida entre campo e duna utilizando o tamanho e o sexo dos indivíduos como covariáveis, aponta que existe diferença na força da mordida entre os habitats e entre os sexos (F7,72 = 24,55, R² = 0,67, P < 0,001), onde os indivíduos do campo apresentam maior força da mordida do que os indivíduos das dunas (53,05 ± 11,43 Newtons e 46,93 ± 9,43 Newtons, respectivamente; F= 15,34, P < 0,001), e entre sexos (F = 12,47, P < 0,001). Não houve interação entre hábitat e sexo (F = 0,91, P = 0,34), já que os machos apresentam maior força de mordida em ambos hábitats. Mínimos Quadrados Parciais (PLS), utilizados para correlacionar a forma do crânio e mandíbula com a força da mordida, revelaram que todas as vistas do crânio apresentaram correlação com a força da mordida (ventral: r = 0,74; dorsal: r = 0,81; lateral: r = 0,74; mandíbula: r = 0,60). Alterações da forma descrita pela PLS atestam que os valores mais baixos da força da mordida estão relacionados na vista dorsal e ventral com um alongamento do rostro, retração do arco zigomático e retração da base do crânio, e na vista lateral do crânio e da mandíbula com um aumento no ângulo de procumbência do incisivo. Os resultados demonstram que, provavelmente, a força da mordida demonstra uma adaptação aos ambientes distintos da distribuição da espécie.


Palavras-chave


Ctenomys; Microevolução; Ecomorfologia; Morfometria Geométrica; Morfologia Evolutiva.

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