A visita da criança ao dentista no primeiro ano de vida tem papel fundamental na manutenção da sua saúde bucal, pois oportuniza orientações de promoção de saúde e diagnóstico precoce de diferentes agravos. Até o momento, nenhum estudo avaliou a utilização de serviços odontológicos em uma coorte ao nascimento de crianças pré-escolares. O objetivo deste trabalho foi estimar a incidência de uso de serviços odontológicos nos primeiros três anos de vida e identificar fatores de risco contextuais, socioeconômicos e clínicos para a não utilização de serviços. Coorte prospectiva acompanhou 435 pares mãe-filho do nascimento aos três anos de idade no município de Porto Alegre/RS. Os dados contextuais e socioeconômicos foram coletados através de entrevista estruturada aplicada aos pais ou responsáveis ao nascimento e exame odontológico (cárie dentária e traumatismos dentários) realizado aos 38 meses por dois examinadores calibrados. A análise estatística compreendeu teste qui-quadrado. A incidência de uso de serviços odontológicos foi de 26,4% (115/435), sendo significativamente maior em crianças que estão na área de abrangência de unidade de saúde com Estratégia de Saúde da Família (ESF) (p=0,014), cujas mães têm maior escolaridade (≥11anos) (p<0,001) e cujas famílias são de classe social mais alta (p=0,001), não havendo relação com fatores clínicos. Conclui-se que o tipo de UBS e fatores socioeconômicos são importantes preditores para o uso de serviços odontológicos, indicando a necessidade de reduzir iniquidades.