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Este relato refere-se ao projeto Estudos Culturais da Ciência e Educação – Tecnologia, ambiente e estudos sobre o corpo, etapa 3, desenvolvido no Programa de Pós Graduação em Educação da Ulbra. Conduzido em caráter exploratório, o projeto investiga produções acadêmicas realizadas no campo dos Estudos Culturais da Ciência entre os anos 2002-2016. Destacamos que os Estudos Culturais da Ciência discutem os impactos da ciência e da tecnologia nas sociedades (Wortmann e Veiga-Neto, 2001). Tais autores (ibid) salientaram terem as discussões conduzidas neste campo ampliado o rígido estatuto da objetividade atribuída aos saberes científicos, ao abandonarem a ilusão moderna de alcance da “verdade”. Nos Estudos Culturais da Ciência, entende-se a Ciência como uma produção cultural, o que implica afastar-se de representações que a configuram como uma atividade autônoma e relativamente independente das demais práticas sociais e admitir estar a Ciência inexoravelmente vinculada à sociedade e à cultura e perpassada por suas contradições. E cultura nesses Estudos tem a ver com práticas sociais, tradições linguísticas, processos de constituição de identidades, comunidades, solidariedades e com estruturas e campos de produção e intercâmbio de significados entre membros de uma sociedade ou grupo. Nesta etapa, a pesquisa direcionou-se, especialmente, a examinar estudos conduzidos pelo filósofo/antropólogo Bruno Latour, pelo antropólogo David Hess e pelo filósofo da ciência Joseph Rouse, este último autor de textos cuja tradução estamos realizando, em função da importância de suas produções para esse campo. O processo investigativo incluiu: a) busca em sites de Universidades, revistas científicas e nos Curriculum-Vitae dos autores/as desse campo; b) levantamento e tradução de obras (língua inglesa para a língua portuguesa) e disponibilização das mesmas para estudo; c) análise das obras levantadas para indicação o direcionamento dos estudos. Constatou-se que Bruno Latour (2015/2016) focaliza uma multiplicidade de temáticas, entre essas questões ambientais decorrentes, por exemplo, da conferencia COP 21 (2015) sobre o clima, realizada em Paris, bem como desenvolve discussões sobre as dimensões antropológicas e filosóficas de seus estudos e, ainda, aponta para novas alianças entre as Ciências Sociais e Naturais. David Hess (2014) direciona muitas de suas análises para a discussão do conceito de sustentabilidade relacionando-o à produção industrial e à discussão do modo como o Neoliberalismo opera no funcionamento do mundo. Joseph Rouse (2008) continua a discutir o teor de veracidade que se pode atribuir a leis e teorias científicas marcando, por exemplo, a dimensão de ficção que o conhecimento produzido em laboratório carrega.

 

Estudos Culturais; Estudos de Ciência; tecnologia, ambiente, educação.