Última alteração: 04-10-2015
Resumo
Esta pesquisa integra o projeto intitulado “Inserção Urbana de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde no Litoral Norte do Rio Grande do Sul”, vinculado ao grupo do CNPQ “Arquitetura e Urbanismo no Litoral Norte do RS”, que propõe a análise da inserção urbana dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), buscando compreender a natureza das relações que equipamentos consolidados estabelecem com seu entorno, do ponto de vista da estrutura urbana e também das práticas cotidianas. Parte-se do pressuposto que o hospital geral, como principal estabelecimento da rede assistencial, é promotor de centralidade urbana, uma vez que sua presença altera ou determina, via de regra, a fisionomia do bairro, ou entorno imediato, em que se insere (LABASSE, 1982; TOLEDO, 2002). Como justificativa, apesar da reconhecida importância do hospital como definidor da paisagem urbana, está pouco explorada análise da extensão de sua influência do ponto de vista científico (TOLEDO, 2008). Além do impacto na estrutura urbana, com implicações sobre tecido urbano, sistema viário, uso do solo e infraestrutura, supõe-se que o hospital interfere no cotidiano da população local, ao atrair usuários de outras regiões, estimular o comércio local ou afetar a segurança em seu entorno. Neste sentido, objetiva investigar qual a natureza do ambiente que o circunda, como se dá sua interface com o espaço público, como sua presença determina fluxos nas vias circundantes e se polariza as funções urbanas de seu entorno, a fim de compreender, de forma mais precisa, como se dá a relação entre hospital e cidade. Com base no cadastro do Ministério da Saúde (BRASIL, 2015), o projeto analisa os quatro hospitais gerais do Litoral Norte (Capão da Canoa, Osório, Torres e Tramandaí), através de uma ficha cadastral criada à luz do referencial teórico do estudo e pretende, futuramente, traçar estudo comparativo entre os resultados obtidos a partir da análise individual. Este trabalho apresenta a análise qualitativa do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, situado no município de Torres, baseada no levantamento de campo realizado no entorno do hospital entre os meses de maio e julho de 2015, tendo a ficha cadastral como base para coleta de dados, bem como registros fotográficos realizados in loco. Como resultados, a análise da localização demonstra que a região de implantação do Hospital centraliza grande parte dos estabelecimentos de saúde da cidade, principalmente consultórios médicos e odontológicos. Observamos que sua presença define a fisionomia do bairro e práticas cotidianas em seu raio de abrangência. Localizado no centro da cidade, o Hospital integra uma malha urbana bem definida e densa, ocupando uma quadra inteira. É possível perceber que rotas e paradas de ônibus são definidos por sua presença, assim como a concentração de comércio de assistência à saúde. Porém, a centralidade criada não impacta positivamente na infraestrutura do entorno. Em sua interface com o espaço público, o hospital apresenta-se, predominantemente, ‘fechado’ para a cidade, limitando a relação com o entorno aos poucos acessos. Além disso, disponibiliza raros espaços de permanência aos usuários, que, de forma improvisada, encontram em muros e escadas sua sala de espera.