Última alteração: 14-12-2015
Resumo
O câncer corresponde a um conjunto de doenças que se caracterizam pelo crescimento desordenado de células anormais, com potencial invasivo. Qualidade de vida é compreendida como a percepção do indivíduo frente a sua posição na vida, no contexto de sua cultura e sistema de valores. Este trabalho objetivou identificar as condições de saúde dos usuários portadores de neoplasias, submetidos a tratamento oncológico e, analisar a qualidade de vida de pacientes acometidos por neoplasias. Como método foi utilizado estudo transversal, quantitativo, cuja população envolveu 202 pacientes atendidos pelo setor de oncologia do Hospital de Caridade, da cidade de Carazinho, no Rio Grande no Sul, avaliados pelo instrumento EORTC-QLQ-C30. Efetuou-se descrição das frequências e comparação de variáveis pelo t de student ou qui-quadrado. Foram considerados significativos valores de p ≤ 0,05. A média de idade foi de 58,37±13,38 anos, variando de 24 a 94 anos. Observou-se predomínio do gênero feminino (62,4%). Constatou-se uma relação direta entre escolaridade e renda, evidenciando que quanto maior a escolaridade, maior a renda (p= <0,001). Quanto à prevenção, a maioria afirmou que realizava exames preventivos com alguma frequência, contudo, dois terços (76,7%) descobriram a doença ao procurar o serviço médico por já sentir sintomas. Outra constatação dos dados é que os homens buscam por prevenção significativamente menos que as mulheres (p= < 0,001). No estudo, encontrou-se 60 casos de câncer de mama, correspondendo a maior prevalência de sitio primário, perfazendo 47,24% dos cânceres em mulheres. A partir desse achado, optou-se por comparar alguns achados desse grupo de mulheres com o conjunto da amostra e com as mulheres com outros tipos de tumor. Observou- se que as mulheres portadoras de câncer de mama (n=60) quando comparadas com o conjunto global da amostra (n= 142), não apresentaram diferença estatística em relação ao escore de saúde global (p= 0,256), nem em relação ao escore relacionados aos sintomas (p= 0,186). Contudo, encontrou-se uma significativa diferença no escore referente à função emocional (p < 0,05). Quando se analisou somente a população feminina estudada (n= 126), comparando aquelas com câncer de mama (n= 60) com as demais mulheres com outros tipos de tumor primário (n= 66), contatou-se que os subgrupos não diferiram em relação ao escore de saúde global (p= 0,538); entretanto, houve significativa diferença em relação à função emocional (p < 0,05) e ao escore da escala de sintomas (p < 0,05), que abrange aspectos como fadiga, dor, insônia e enjoo. Nas mulheres com câncer de mama encontrou-se menor escore de função emocional, e, ao mesmo tempo, menor escore de sintomas do que aquelas acometidas por outros tipos de tumor. Há necessidade de buscar formas de ampliar as ações de prevenção, especialmente, junto à população masculina. Nas mulheres com câncer de mama destaca-se o comprometimento emocional. Os achados possibilitam refletir e aprimorar as formas de assistir e, especialmente, cuidar o paciente oncológico, respeitando as singularidades de cada subgrupo.