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ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NOS CURSOS DE JORNALISMO DO RIO GRANDE DO SUL
Última alteração: 06-10-2015
Resumo
As diretrizes específicas à implementação do conteúdo pertencente às relações étnico-raciais nas escolas foram estabelecidas pelo Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE, 2004), regulamentando a legislação de então e estendendo-a às universidades. Assim, todos os cursos de graduação, incluindo o de Jornalismo, devem apresentar conteúdos reflexivos sobre as etnias afro-brasileira e indígena. Desse modo, este artigo analisa como as 22 graduações em Jornalismo do Rio Grande do Sul trabalham a temática. Para tanto, discute-se a legislação relacionada à área, observando as grades curriculares e utilizando informações prestadas pelas coordenações dos cursos. A metodologia utilizada inicialmente consistiu na comparação entre a Lei de Diretrizes Curriculares para o curso de Comunicação Social e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Jornalismo. As inferências resultantes foram analisadas junto às grades curriculares disponibilizadas nos sites dos cursos. Para definir se as graduações possuem orientação humanística ou tecnicista e se operam conforme as Diretrizes de Comunicação Social ou conforme as Novas Diretrizes de Jornalismo, consultou-se as autorizações de funcionamento dos cursos no Diário Oficial da União. Em um segundo momento, foi aplicado um questionário aos coordenadores dos cursos para identificar quais disciplinas, além dos professores titulares, e atividades previstas nas grades curriculares correspondem ao ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena. As respostas foram cruzadas com as respectivas grades curriculares. Visando apurar se os professores citados pelos coordenadores possuíam produções científicas sobre questões étnico-raciais, verificou-se os currículos dos profissionais na Plataforma Lattes do CNPq. Na fundamentação teórica, foi utilizada a teoria do currículo e identidade social, de Tomaz Tadeu da Silva, e ecologia dos saberes e reforma da universidade no século XXI, de Boaventura de Sousa Santos. Também foram citados trechos de documentos do CNE. A pesquisa conclui que as habilitações e bacharelados em Jornalismo do estado trabalham a temática afro-brasileira e indígena na maior parte das vezes em disciplinas transversais. A maioria dos cursos de Jornalismo ainda é de habilitações de Comunicação Social e com viés tecnicista. Por sua vez, quatro dos cinco cursos bacharelados em Jornalismo, que se adequaram às Novas Diretrizes da área, são de perfil humanístico. Porém, poucos coordenadores afirmam que seus cursos abordam relações étnico-raciais em eventos de extensão e a questão é tratada de maneira específica apenas em disciplinas eletivas. Dessa forma, os egressos de habilitação e bacharelado em Jornalismo tendem a não adquirir conhecimentos específicos sobre História e Cultura afro-brasileira e indígena. A perspectiva se agrava pela ausência de docentes especializados para lecionar conteúdos sobre a temática, inclusive em disciplinas específicas, apesar dos 10 anos de vigência do Parecer do CNE.
Palavras-chave
Educação das Relações Étnico-Raciais; Jornalismo; Rio Grande do Sul.
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