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INSTRUÇÃO FORMAL E PEDAGOGIAS CULTURAIS NO JORNAL O EXEMPLO (1916 - 1917)
Última alteração: 04-10-2015
Resumo
O presente projeto de pesquisa investiga as pedagogias da imprensa negra, particularmente no jornal O Exemplo, numa perspectiva ampla de pedagogia, que inclui para além dos processos educativos formais os discursos e práticas culturais empreendidas sem o objetivo explícito de ensinar, mas que também contribuem na construção de modos de ser da comunidade negra nas primeiras décadas do século XX. O objetivo central dessa pesquisa é mapear e problematizar os discursos e práticas educativo-culturais mais recorrentes empreendidas pelas lideranças negras do jornal O Exemplo, nos editoriais, reportagens e anúncios deste jornal. Em termos teórico-metodológicos, trata-se de uma pesquisa que articula os campos teóricos dos Estudos Culturais com os estudos sobre mídia e educação e as relações étnico-raciais e educação. A relevância deste estudo está relacionada às demandas educacionais do tempo presente, tanto no que se refere às Leis n° 10.639/2003 e 114665/2008 quanto às Diretrizes Curriculares para o Ensino das Relações Étnico-Raciais (2004), que incentivam o estudo da cultura e da história afro-brasileira e Africana. É relevante destacar que as coleções do jornal O Exemplo foram recentemente digitalizadas e estão disponíveis para pesquisa online na plataforma Cultura Digital. Por último, trata-se de uma pesquisa que prioriza a cultura dos afrodescendentes, seus valores e visões de mundo na perspectiva de uma educação antirracista. Em um primeiro momento da pesquisa foi possível mapear matérias relacionadas à instrução formal e às pedagogias culturais. A análise das matérias relativas ao ano de 1916 revelou anúncios de escolas tais como a Escola Moderna, a Escola Noturna e o Instituto Técnico Profissional da Escola de Engenharia, como locais de instrução de afrodescendentes nesta época. Localizamos também anúncios de aulas particulares ministradas por lideranças negras do jornal O Exemplo, tais como: Alcides C. de Carvalho e Arnaldo Dutra, tanto em suas residências como na redação do jornal. Quanto ao ano de 1917, mapeamos uma série de artigos cujos títulos eram “Educação”, mas cujos subtítulos referiam-se à assuntos variados, tais como: família, maus hábitos, nos bailes, lugares públicos, nos jantares e cerimônias evidenciando, conforme Camozzato e Costa (2013), “uma vontade de pedagogia” dos redatores do jornal, com o propósito de formatar, disciplinar e civilizar os sujeitos negros no contexto da Primeira República.
Palavras-chave
Educação. Instrução. Pedagogias Culturais.
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