Última alteração: 17-10-2014
Resumo
O câncer é uma doença crônico-degenerativa, considerada um problema de saúde pública. Vários de seus aspectos influenciam no estilo de vida do indivíduo, como o diagnóstico precoce e os meios de reabilitação, física, social e psicológica. Descrever o perfil socioeconômico e clínico de pacientes com neoplasias em tratamento oncológico. Estudo transversal, descritivo, analítico, com abordagem quantitativa, abrangendo 102 pacientes com diagnóstico de câncer, em acompanhamento no serviço de oncologia de um município do norte do Rio Grande do Sul. Foram excluídos os portadores de déficit cognitivo. Estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da ULBRA e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foi utilizado questionário estruturado, com variáveis sociodemográficas e informações sobre a doença. Dados processados no programa SPSS 16.0 e análise estatística pelo teste do qui-quadrado de Pearson. População de maioria caucasiana (83,3%), com média de idade de 59,99±13,78 anos, variando de 25 a 88 anos. Predomínio feminino (56,9%) e de casados ou em união consensual (73,5%). Atividades profissionais prevalentes: agrícola (21,6%); relacionada ao atendimento ao público (18,6%); prestador de serviços gerais (18,6%). Ampla maioria (61,8%) aposentada ou em licença médica (27,5%). Quanto à renda: 49% recebem 1 salário mínimo; e 37,3% de 1 a 2 SM. Constatou-se que 81,4% residem com familiares. Observou-se baixa escolaridade, a maioria (57,8%) tem ensino fundamental incompleto; fundamental completo, 11,8%; e ensino médio completo, 16,7%. Em relação ao sítio primário, obteve-se: mama (21,6%); próstata (16,7%); cólon e reto (13,7%). Quanto a metástases: 52% não apresentaram nenhuma; 18,6% tinham metástases ósseas; 8,8% em fígado; e 7,8% em pulmão. A comorbidade mais prevalente foi HAS (39,2%), seguida do diabete melito (19,6%) e disfunção tiroidiana (7,8%). A realização de exames preventivos foi referida pela maioria (58,8%), enquanto 29,4% declararam realizá-los. Dentre estes, os homens são predominantes e com uma diferença estatisticamente significante em relação às mulheres (p=0,04). Os achados reforçam que o imaginário masculino está aprisionado a amarras culturais, dificultando a adoção de práticas de autocuidado, pois o homem é visto como viril, invulnerável e forte. Assim, procurar o serviço de saúde, numa perspectiva preventiva, poderia associá-lo à fraqueza, medo e insegurança. Outro achado relevante é que a imensa maioria (81,4%) afirmou ter descoberto a doença ao procurar o médico já apresentando sintomas. Ressalta-se a vital importância da educação em saúde, no sentido de estimular as práticas preventivas, tanto para ampliar o rastreamento da doença quanto para um diagnóstico mais precoce, minimizando os danos e ampliando as chances de cura.