Portal de Eventos da ULBRA., XX SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE TIPOLOGIAS HABITACIONAIS IMPLANTADAS EM ALDEIA GUARANI
Ediana Fernandes Delfino, Efreu Brignol Quintana

Última alteração: 17-10-2014

Resumo


O presente trabalho apresenta pesquisa desenvolvida pelo Escritório Modelo do curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA campus Torres e integra projeto de pesquisa do grupo de pesquisa Arquitetura e Urbanismo do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, que visa garantir uma reflexão mais precisa sobre as manifestações arquitetônicas e urbanísticas que compõem a paisagem cultural do litoral norte. A pesquisa visa contribuir para o entendimento da realidade em que vive a população da aldeia indígena Guarani-Mbyá Nhu Porá, localizada no município de Torres, R, especialmente no tocante aos aspectos da organização territorial, utilização e adequação dos espaços comunitários e residenciais e satisfação das expectativas dos usuários em relação a estes espaços, com vistas a subsidiar posterior projeto de qualificação ambiental, urbana e arquitetônica. Tem o objetivo específico de obter medidas dos níveis de satisfação dos moradores com as tipologias habitacionais implantadas por diferentes programas governamentais em comparação com as tipologias tradicionais da cultura Mbyá-Guarani. A metodologia da pesquisa envolve uma etapa inicial exploratória, simultânea à revisão da literatura sobre tipologias arquitetônicas da tradição indígena, em que feito o contato inicial com a comunidade, o reconhecimento e a interlocução com as lideranças. Numa segunda etapa procede-se aos levantamentos de campo: levantamento físico e desenho das edificações e espaços abertos, nessa fase utilizam-se métodos consagrados nas áreas da percepção ambiental e avaliação pós-ocupação, que tratam do desempenho do ambiente construído a partir das percepções e necessidades dos usuários. Os resultados preliminares, da etapa exploratória já realizada em que foram ouvidas lideranças e membros da aldeia indicam que as habitações implantadas por iniciativa de programas governamentais não são satisfatórias para seus moradores. O padrão edilício imposto, sem consulta prévia a população, contrasta com as tipologias tradicionais nos materiais, formas e organização espacial. As novas casas construídas em alvenaria não são apropriadas pelos moradores que, quando podem, recorrem a construção de uma segunda casa anexa executada conforme a memória das técnicas construtivas tradicionais em taipa de mão. Nas suas declarações, os moradores reclamam da falta de espaço para o fogo de chão no interior das residências, pois sua importância é fundamental na transmissão da cultura oral transmitida no convívio em volta do fogo. Há ainda reclamações quanto ao conforto ambiental no interior das novas edificações. Dessa forma, as observações preliminares demonstram a inadequação das tipologias edilícias implantadas na aldeia por programas governamentais, as quais não correspondem às tradições e à cultura da comunidade e não oferecem padrões de habitabilidade adequados. A pesquisa ainda deve concluir-se com o levantamento e análise de dados qualitativos, contudo já aponta para a necessidade de considerar a tradição e a opinião da comunidade na elaboração de qualquer proposta de organização espacial ou de implantação de edificações.