Desde a década de sessenta passou-se a discutir-se a racionalidade científica, ganhando enfoques que a examinam além da sua classificação como um saber objetivo. Na perspectiva dos Estudos de Ciência, especialmente nos Estudos Culturais da Ciência (ECC), passou-se a considerar a ciência como uma das produções culturais da sociedade ocidental, estando envolvidos na sua discussão filósofos, antropólogos, sociólogos e historiadores. Neste estudo, busca-se retomar e ampliar discussões condensadas no livro Estudos Culturais da Ciência e Educação (Wortmann e Veiga Neto, 2001).  Em uma abordagem inicial, estão sendo focalizados estudos conduzidos por autores apresentados nessa obra, estando entre eles Bruno Latour, Karin Knorr-Cetina, Susan Traweek, Barbara Martinsons, Michael Menser, Stanley Aronowitz, Donna Haraway, Thimot Lenoir, Joseph Rouse, David Hess, Emily Martin, Pablo Kreimer e Renato Dagnino. Têm-se buscado seguir as direções de estudos assumidas por estes autores, bem como apontar novos pesquisadores que tenham se destacado neste campo nos últimos dez anos. A metodologia utilizada implica o levantamento das obras produzidas no período entre 2002 e 2013, e a sua posterior análise. Observou-se que alguns dos autores citados continuam produzindo obras relacionadas aos ECC, mesmo que tenham passado a focalizar outras temáticas. Assim, Latour concentrou suas pesquisas na Religião, no Estado e nos modos de existência social, assumindo com maior intensidade a chamada teoria do ator-rede. Cetina tem centralizado seus estudos no Mercado Financeiro e suas Tecnologias. Hess focou suas pesquisas em sociologia ambiental. Na busca pela ressignificação do Ensino de Ciências, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas sob o aporte dos ECC. Buscar autores que façam tal articulação constitui-se na próxima etapa desta investigação. Cabe indicar que a partir de considerações feitas por Latour (2001), os ECC lidam com uma “política das coisas e não com a disputa já superada para saber se as palavras se referem ou não ao mundo” , além dos modos de “liberar as ciências da política da razão” para assim escapar dos acordos processados entre epistemologia, moralidade, psicologia e teologia que integram “o velho arranjo” que caracterizaria o pensamento moderno. Enfim, os ECC não atribuem ao social o sentido pejorativo que certas tendências modernistas lhe conferiram. Pode-se dizer, tal como esse autor, que esses estudos são anti-ciência, mas, nesse caso, é preciso frisar, também, que eles são a favor da pesquisa, pois essa é incerta, aberta, está constantemente às voltas com problemas insignificantes, tais como dinheiro, instrumentos, know-how, sendo incapaz de distinguir o objetivo do subjetivo, o humano do não-humano, enquanto a ciência possui certeza, frieza, distanciamento, objetividade, isenção e necessidade.