Última alteração: 17-10-2014
Resumo
Das diversas formas de atividades antropogênicas que podem gerar contaminação, as originadas pelas deposições de rejeitos da mineração de carvão merecem um maior destaque por apresentarem uma fonte potencial de metais pesados, como cádmio, chumbo, cobre, ferro, alumínio, manganês, zinco e sulfatos. Apesar de ser um importante recurso energético, a extração, o beneficiamento e a utilização de carvão mineral são atividades potencialmente poluidoras causando impacto nos recursos hídricos. Diante da escassez de estudos voltados para a análise tóxico-genética do carvão e seus derivados, este trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos genotóxicos e mutagênicos ocasionados por águas superficiais impactadas pela queima e extração do carvão na cidade de Candiota, onde está inserida a maior jazida de carvão mineral do Brasil. Desta forma, foram selecionados 05 pontos de coleta de águas superficiais, localizados nas proximidades do Arroio da Usina Termelétrica Presidente Médici, no município de Candiota. As coletas foram realizadas nos períodos de inverno e verão, buscando avaliar a influência do túnel de vento na dispersão dos poluentes. Para a avaliação da genotoxicidade foi utilizado o ensaio cometa em células V79 de pulmão de hâmster Chinês. O teste cometa baseia-se na técnica microeletroforética para a avaliação de danos no DNA de células individuais. A versão alcalina (pH>13) deste bioensaio permite a detecção de quebras de fita de DNA, simples e duplas, sítios álcali-lábeis, associações DNA/DNA e DNA/proteína e reparo incompleto por excisão após quebra de fita simples. A análise dos resultados foi realizada utilizando o software de análise de imagens Comet Assay IV (Perceptive Instruments, UK), com o parâmetro Tail intensity (% de DNA na cauda) para avaliação dos danos no DNA. A comparação estatística foi feita por meio da análise da variância (one-way ANOVA) com teste post hoc de Dunnett para uma significância estatística p<0,05. Os resultados demonstraram ausência de danos no DNA das células expostas às águas dos diferentes pontos de coleta, quando comparado ao controle negativo (água destilada). De fato, não foram observadas diferenças significativas, na indução de lesões genômicas, nas amostras coletadas no inverno e verão. Ainda que a identificação e a quantificação de metais nas amostras de água estejam em andamento, para uma melhor caracterização da poluição aquática, não foram encontradas evidências de genotoxicidade neste estudo. Nesse sentido, mais estudos são necessários, analisando outros parâmetros genéticos, para melhor avaliar a qualidade desses recursos hídricos.