Última alteração: 17-10-2014
Resumo
O câncer cervical é o segundo câncer mais comum em mulheres em todo o mundo e a mais comum doença maligna ginecológica. A infecção persistente pelo papilomavírus humano é a causa da maioria dos casos do câncer cervical (>90%). A carcinogênese do colo do útero é uma interação entre fatores ambientais e suscetibilidade genética. A interrupção do controle do ciclo celular é comum em células cancerígenas. A progressão do ciclo celular é regulada por ciclinas dependentes de quinases (CDKs) essenciais para o crescimento normal e diferenciação das células. A proteína p21, inibidora de ciclinas dependentes de quinases, codificada pelo gene CDKN1A, tem como função inibir a atividade dos complexos CDK2 e CDK4, interrompendo a progressão do ciclo celular na fase G1. Além disso, p21 também interage com o antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA), um fator acessório da DNA polimerase, e desempenha papel regulatório na replicação do DNA na fase S e no reparo dos danos no DNA. A p21 tem um papel importante na entrada, replicação e disseminação de muitos vírus humanos patogênicos, incluindo o HPV. Alterações nas regiões funcionais ou na região promotora de p21 podem afetar a regulação da proliferação celular e aumentar a suscetibilidade de câncer. Além disso, acredita-se que polimorfismos de p21 também podem afetar a resposta do hospedeiro à infecção pelo HPV. Há um polimorfismo no gene p21 (rs1801270 C/A) que ocorre no códon 31, sendo ele responsável pela substituição de uma arginina por uma serina. Esse polimorfismo localiza-se em uma região altamente conservada de p21 e parece estar relacionado com alteração da função da proteína e risco de câncer cervical. O presente estudo visa analisar a associação do polimorfismo rs1801270 com a persistência da infecção pelo HPV e progressão para câncer cervical em mulheres gaúchas. Dois grupos de mulheres foram incluídos neste estudo. O primeiro grupo, composto por 328 mulheres atendidas em um programa de rastreamento do câncer cervical, da cidade de Cruz Alta-RS, será analisado quanto à associação do polimorfismo com a persistência do HPV. O segundo grupo, composto por 86 mulheres em tratamento para câncer cervical no Centro de Alta Complexidade em Oncologia de Ijuí-RS, será analisado quanto a associação do polimorfismo com a progressão para o câncer cervical. Para a análise do polimorfismo o DNA foi extraído de escovas endocervicais ou do sangue e sua amplificação está sendo realizada através da reação em cadeia da polimerase (PCR) seguida de clivagem dos fragmentos amplificados com a enzima de restrição BlpI. Até o presente momento foram genotipadas 11 amostras, 5 indivíduos apresentaram genótipo CC, 5 apresentaram genótipo AC e 1 apresentou genótipo AA. Ao término das genotipagens será realizada a análise da associação do polimorfismo com a persistência da infecção pelo HPV e progressão para câncer cervical em mulheres gaúchas.