Última alteração: 17-10-2014
Resumo
A escola é um espaço de construção de saberes, de convivência e de socialização das crianças e dos adolescentes. Porém, muitas vezes, é na própria escola que o jovem vivencia situações de violência que comprometem sua qualidade de vida e seu aprendizado. Essa exposição, independente do local e dos agentes agressores, pode trazer severas consequências para a vida do jovem. Assim, este trabalho teve como objetivo estudar as experiências relacionadas à violência em escolares do 8° ano do ensino público, da região Norte. O delineamento do estudo foi transversal, incluindo uma amostra representativa de 2227 escolares dos municípios de Ji-Paraná e Porto Velho, em Rondônia, e Santarém, no Pará. Os dados foram coletados em sala de aula com o auxílio de instrumentos autoaplicáveis: 1) questionário sobre situação econômica; 2) questionário referente a características familiares, psicossociais, estilo de vida e experiência com situações de violência, baseado no Global School-Based Student Health Survey. As análises aqui apresentadas são descritivas. Os resultados são ainda preliminares. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e Animais da ULBRA (parecer n. 2009-251HF). Entre os jovens investigados, 55,5% era do sexo feminino, sendo a maioria na faixa de 12 a 13 anos (64,4%), seguidos dos de 14 a 16 (31,1%), tendo referido a cor de pele como não branca (76,8%) e a classe econômica obedeceu a seguinte distribuição: 17,5% na A + B, 51,0% na C e 31,5% na D+E. Foi encontrada uma prevalência de experiências com situações de intimidação, agressão, assédio ou discriminação de 39,4%. Entre os que referiram essa experiência, 8,5% a vivenciaram no dia do levantamento dos dados, 29,4% nos últimos 30 dias, 21,5% nos últimos seis meses e 34,5% há um ou mais anos. Nos últimos 30 dias, os agressores foram, mais frequentemente, colegas ou amigos, seguidos dos desconhecidos ou irmãos. Entre os que informaram o sexo do agressor, encontrou-se 65,8% de masculino. Quando questionados sobre situações de discriminação, 30,8% informaram terem se sentido discriminados nos últimos 30 dias. Entre as respostas válidas sobre discriminação, verificou-se que 32,9% sentiram-se discriminados por questões corporais, 14,4% raciais ou pela cor da pele, 13,2% sexuais, 11,6% religiosas, 13,5% foram excluídos de propósito e 9,2% foram empurrados, chutados ou trancados em algum local. Os locais onde mais frequentemente ocorreram as intimidações, agressões, assédios ou discriminação a própria escola (52,3%) e a rua (26,3%). Dentro da escola, o cenário de maior violência foi a sala de aula. Esses resultados apontam que a escola, ambiente supostamente protetor e promotor da saúde física e emocional, falha neste propósito. É necessário que os setores saúde e educação unam forças para a implementação de ações efetivas no sentido de qualificar docentes, funcionários e corpo diretivo para o enfrentamento dessas situações e para a promoção da cultura da paz.