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DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS PACIENTES ADULTOS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE EM PORTO ALEGRE
Última alteração: 17-10-2014
Resumo
A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública com importância crescente em todo o mundo. Entre 1990 e 2010, esta patologia apresentou o segundo maior crescimento como causa global de mortalidade, passando da 27ª posição para a 18ª. Com a evolução da tecnologia dialítica, mais pacientes têm tido acesso a essa terapia. A partir destas evidências, tenta-se identificar fatores epidemiológicos que permitam uma abordagem precoce das causas de DRC, orientando ações preventivas de saúde pública. No Brasil, há carência de estudos e registros epidemiológicos nesta população. Este estudo objetivou verificar a prevalência e alguns dados epidemiológicos de pacientes em hemodiálise na cidade de Porto Alegre. Os dados sobre os indivíduos adultos (≥ 18 anos de idade) em hemodiálise em Porto Alegre são originários dos registros do Estudo CORDIAL², pesquisa realizada em 2010 e que incluiu todos os pacientes com DRC submetidos a hemodiálise intermitente. Dados populacionais municipais, estaduais e do país foram obtidos nos sítios eletrônicos das instituições do governo federal brasileiro – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)³ e Ministério da Saúde (MS – DATASUS)4. Análise estatística para variáveis categóricas foi realizada com o teste do Qui-quadrado. Resultados: No período do estudo, havia 1215 indivíduos adultos em tratamento com hemodiálise em Porto Alegre, idade (média e desvio padrão) 58,3 (15,0), sendo 59,5% masculinos, 62,8% de raça branca, 25,9% negros, 11,3% outras raças. A prevalência de pacientes em hemodiálise em Porto Alegre foi 83,6/100 mil habitantes, maior do que no estado do RS (65,0/100 mil) e no Brasil (55,5/100 mil). A análise por gênero mostra que a prevalência de indivíduos masculinos em hemodiálise em Porto Alegre é significativamente maior do que na população da cidade (59,5% vs. 44,5% - p<0,0001). Na análise por raça, 25,9% eram negros, uma prevalência maior do que na população adulta de Porto Alegre (9,0% - p>0,0001), da mesma forma que no RS (7,7%) e no país (8,2%). Este dado torna-se ainda mais notável quando observamos que, na população do estudo, o gênero feminino é minoritário (40,5%), mas é onde a prevalência de raça negra é maior (30,1% vs. 23,1% nos homens). A maior prevalência de indivíduos masculinos e os de raça negra em hemodiálise crônica em Porto Alegre do que na população da cidade pode auxiliar a estabelecer estratégias preventivas quanto à evolução de DRC nestes grupos.