Última alteração: 17-10-2014
Resumo
Câncer de boca é um dos tumores mais comuns no mundo, ocupando no Brasil o sexto lugar entre todos os tipos de câncer. Acometem em maior escala indivíduos do sexo masculino e entre os principais fatores de risco estão o tabagismo, etilismo, radiação UV e infecções por HPV. Mais de 90% das lesões de boca é representada pelo carcinoma epidermoide, que exibe elevadas taxas de mortalidade. Assim, conhecer a carcinogênese, bem como a progressão tumoral, é fundamental para a melhoria das ações preventivas e terapêuticas nessa doença. Os objetivos desse estudo foram cultivar e caracterizar células derivadas de tumores de boca para elucidar mecanismos moleculares associados com as particularidades desses tumores. Para isto, foi colhida amostra de lesão em glândula salivar menor, de região jugal à esquerda ressecada do paciente FRS, masculino, 80 anos, fumante, alcoolista. Parte da peça cirúrgica foi encaminhada para realização do cultivo celular. Inicialmente a peça foi mantida em meio de cultura F12 suplementado com 10% de soro fetal bovino. Entre as passagens 10 – 20 foram realizados testes de proliferação, cariotipagem, curva de dose-resposta com o antineoplásico cisplatina e ensaio clonogênico. Os resultados até o momento são: 1) A análise anatomopatológica demonstrou ser um Cistoadenocarcinoma Papilífero (M84403 – grau de diferenciação G1 – bem diferenciado); 2) A proliferação, verificada com base no tempo de duplicação celular (population doubling time), mostrou duplicação da sua população celular em 40 horas; 3) A avaliação citogenética, realizada por cariótipo convencional (banda GTG), mostrou como principais alterações numéricas:-Y, -5,-9,-16,-17,-19,-22; poliploidia (3n, 4n); e como principais alterações estruturais: cromossômo dicêntrico, quebra cromatídica, quebra centromérica, e translocação balanceada e não balanceada. 4) A curva de dose-resposta com a cisplatina, realizada com ensaio colorimétrico de MTT, mostrou valores de IC50 de 8,16 ± 1,7 µg/mL, mostrando sensibilidade a cisplatina; 5) O ensaio clonogênico demonstrou que as células desta foram capazes de formar colônias partindo de uma densidade de 300/poço. Em síntese, demonstrou-se que foi possível cultivar esse tumor, que ele possui um cariótipo e comportamento compatível com células neoplásicas e relativa sensibilidade ao antineoplásico cisplatina.