Última alteração: 17-10-2014
Resumo
O traumatismo crânio-encefálico (TCE) representa a principal causa de morte e morbidade nos indivíduos jovens. Apesar do impacto do TCE na Saúde Pública, não existem marcadores prognosticos ou fármacos efetivos para o manejo do TCE grave. O ferro é essencial para a biologia celular, contudo o excesso de ferro livre pode contribuir para a progressão da lesão neural traumática. A ferritina exerce papel central na regulação do ferro intracelular, podendo modular respostas celulares envolvendo processos inflamatórios e estresse oxidativo. Desta forma, o objetivo deste estudo foi investigar se os níveis séricos de ferritina se correlacionam com a mortalidade de vítimas de TCE grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Foram incluídos neste estudo prospectivo 69 homens adultos vítimas de TCE grave (GCS 3-8 na admissão hospitalar). As variaveis clínicas investigadas foram: mortalidade da UTI; escore da GCS na admissão hospitalar e o tipo de TCE grave (isolado ou associado ao politrauma). Foi realizado ensaio imunoturbidométrico para detecção dos níveis séricos de ferritina. A concetração sérica média de ferritina nas vítimas de TCE grave foi de 324,8 microg/L. Houve diferença significativa entre os níveis séricos de ferritina nos grupos de sobreviventes (289,5 microg/L) e de não sobreviventes (376,5 microg/L) (p=0,042). Ainda, houve correlação entre níveis mais elevados de ferritina sérica e o desfecho fatal (p=0,032). Também foi verificada correlação entre níveis mais altos de ferritina e escores mais baixos na GCS na admissão hospitalar (p=0,049). Contudo, não houve correlação entre os níveis séricos de ferritina e o tipo de TCE grave (isolado ou associado a politrauma) (p=0,724). Em suma, o presente estudo verificou correlações entre níveis de ferritina sérica elevados e tanto o desfecho fatal quanto escores mais baixos na GCS na admissão hospitalar nas vítimas de TCE grave, independentemente do tipo de TCE.