Última alteração: 17-10-2014
Resumo
Na universidade, o estudante encontra-se numa fase da vida repleta de novas expectativas, desafios e possibilidades. Quando o ingresso na universidade ocorre atrelado à juventude, pode haver dificuldade do estudante para lidar com as circunstâncias, haja vista as constantes e significativas mudanças. Esses fatores podem ocasionar episódios de crises no decorrer da graduação, como o surgimento de depressão, alcoolismo, evasão, entre outros. Os Distúrbios Psiquiátricos Menores (DPM) também podem ocorrer e são caracterizados por sintomas como insônia, fadiga, tristeza, ansiedade, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração, queixas somáticas e neurastenia, designando situações de sofrimento mental. Esses sintomas podem causar incapacidade funcional em comparação a quadros psiquiátricos crônicos, necessitando, assim, de uma intervenção eficaz ainda na universidade e ao longo da graduação. Objetivou-se analisar a suspeição para DPM e a sua relação com as variáveis preditoras em acadêmicos de um curso de graduação em enfermagem de uma universidade privada do Rio Grande do Sul. A presente pesquisa trata-se de um estudo transversal, analítico, com abordagem quantitativa, desenvolvido em um campus de uma universidade privada da região metropolitana de Porto Alegre. Entrevistou-se 133 acadêmicos de enfermagem, do primeiro ao décimo semestre, utilizando-se o Self-Reporting Questionnaire. Os alunos foram entrevistados por duas acadêmicas previamente treinadas, no ambiente acadêmico. A pesquisa respeitou os princípios éticos, sendo o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (parecer 110.101/2012). Utilizou-se estatística descritiva e analítica com o teste Qui-quadrado de Pearson. A prevalência de suspeição para DPM foi de 29,1% nas mulheres e de 9,5% nos homens, contudo, sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos. A prevalência de suspeição para DPM foi significativamente maior nos alunos concluintes (45,5%) versus alunos de semestres iniciais ou intermediários (22%). Também foi maior nos alunos que trabalhavam na área da saúde (36,7%) ou estagiavam (30,6%), em comparação com aqueles que possuíam emprego não relacionado diretamente a instituições de saúde (10%). A prevalência de suspeição de DPM também foi superior: nos alunos que não realizavam atividade física (30,9% versus 12,1%) e naqueles sem tempo para lazer (43,2% versus 18,7), nos que consideraram sua saúde regular (58,8%) em comparação àqueles que autoavaliaram sua saúde como ótima (8%) e naqueles que não consultaram o serviço de saúde no último semestre (40,6% versus 21,4%). É preciso fornecer mecanismos de suporte aos estudantes no enfrentamento das situações vivenciadas ao longo de sua formação profissional, especialmente no final do curso, a fim de se prevenir ou minimizar os DPM.