Tamanho da fonte: 

 

Os resultados apresentados neste trabalho são parte integrante do projeto de pesquisa “Guerra e religião - estudo de textos e imagens do mundo Antigo Oriental”, em curso, e tem por objetivo compreender a relação entre a religião e os conflitos que marcaram a constituição do império neoassírio na Antiguidade. O presente estudo mantém o foco nos aspectos de inovação tecnológica do período do rei Senaqueribe (705-681 a.C.), na   organização do exército e como a influência religiosa impulsionou esta formação militar que articulou a confecção de um alto serviço de engenharia na guerra, usada para legitimar a supremacia do império neoassírio  e submeter  a cidade de Lakiš, que sob o reinado de Ezequias desafiou o monarca argumentando inviolabilidade desta por estar sob proteção do deus Yahweh. A tomada desta cidade de Judá pelos assírios em 701 a.C. é citada no livro 2REIS da Bíblia, mas tornou-se muito famosa por ser imortalizada na principal manifestação artística assíria deste período, uma  série de imagens, feitas em baixo relevo sobre pedra de alabastro, que decoravam o palácio real em Nineveh, capital Assíria. Utilizamos a iconologia como método de análise das imagens, baseada nos estudos de Erwin Panofsky, que divide a análise visual em três etapas: a primeira consiste na descrição pré-iconográfica, enumerando os motivos artísticos e analisando séries de imagens. A segunda é composta em análise iconográfica, ou seja, a identificação de imagens, estórias e alegorias, combinando os motivos artísticos com os temas e conceitos a serem estudados. A terceira e última etapa da metodologia se resume em interpretação iconológica, a descoberta e interpretação dos valores simbólicos nas imagens. Através deste estudo visual foi possível identificar a inovação de recursos tecnológicos no campo de confronto, onde reconhecemos a utilização de rampas de assalto, que facilitaram o acesso dos carros de combate até as muralhas da cidade. Toda esta tecnologia somada com o numero de soldados assírios demonstram a existência de um exército organizado e rigoroso, que conforme descrito apresenta-se na finalidade da guerra como vencedor, derrotando até mesmo a principal fortaleza judaica protegida pelo grande deus Yahweh.