Última alteração: 24-10-2012
Resumo
Ciclotídeos, são cadeias polipeptídicas com 29 a 37 resíduos de aminoácidos, sendo seis deles, resíduos de cisteína, altamente conservados e envolvidos em três ligações dissulfeto, apresentando ciclização "cabeça-cauda". Essa estrutura diferenciada confere aos ciclotideos uma excepcional resistência à proteólise. Os ciclotideos apresentam diversas funções, como, por exemplo: atuação na defesa das plantas como inseticida, atividade anti-HIV e anti-helmínticao, efeitos uterotônicos, e antimicrobiana. Ciclotideos estão presentes em folhas, caules e raízes de diversas plantas das famílias Rubiaceae, Violaceae, Cucurbitaceae e Fabaceae. O primeiro ciclotideo descrito foi descoberto em aplicações medicinais indígenas, onde mulheres da tribo Lulua utilizavam o chá da planta nativa Oldenlandia affinis ou “kalata kalata”, para acelerar contrações uterinas em partos. A soja (Glycine max (L.) Merr), é uma importante leguminosa que conta com cerca de 40% do seu peso seco em proteínas. Sua composição em aminoácidos essenciais assemelha-se à composição das proteínas do ovo, com exceção de cisteína e metionina, caracteristicamente mais escassos nas proteínas vegetais. A soja vem sendo utilizada como alimento desde épocas bastante remotas, com as primeiras referências datadas em 3000 a. C. numa obra médica de She-Non. O presente trabalho tem como objetivos verificar a existência de ciclotídeos em soja e, analisar os seus possíveis efeitos contra insetos, fungos, vetores de doenças e células tumorais humanas. Para tanto, iremos purificar e caracterizar ciclotídeos a partir de folhas e sementes de soja (Glycine max (L) Merr), testar a ação tóxica dos ciclotídeos, por via oral no percevejo manchador de algodão Dysdercus peruvianus, avaliar o efeito citotóxico dos ciclotídeos em células tumorais humanas, realizar ensaios de atividade antifúngica em meio líquido com monitoramento por turbidimetria, e avaliar a toxicidade destes peptídeos sobre as membranas dos fungos, usando sempre como controle positivo: Kalata B1 e Kalata B2. Há o risco do inseto proposto não demonstrar suscetibilidade a ação dos ciclotídeos, caso isso venha acontecer testaremos outros insetos. Além disso, apesar de ainda não ter sido descrita a presença de ciclotídeos em soja e, no momento não podermos afirmar que iremos encontrá-los nas plantas de soja, há relatos recentes mostrando a presença desses peptídeos cíclicos em outras leguminosas: Clitoria ternatea (Poth et al., 2011), planta taxonomicamente muito próxima da soja. Seguindo um protocolo de purificação, a partir de farinha de soja, obtivemos uma fração semi-purificada contendo ciclotídeos. Os mesmos foram quantificados, utilizando-se uma curva padrão com BSA. As próximas etapas de purificação consistem em: cromatografias líquidas e após ensaios biológicos.