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Caracterização do perfil de usuários de crack cadastrados no CAPS-AD do município de Canoas - RS
Última alteração: 23-10-2012
Resumo
O crack é uma droga desafiadora e devastadora, cada vez mais utilizada em nossa sociedade, tornando-se um importante problema de saúde pública. No Brasil, existe atualmente uma preocupação em determinar o perfil da população usuária de crack que acessa os serviços de atendimento à dependentes de drogas, visando elaborar diretrizes que possam nortear o tratamento e a recuperação destes indivíduos. Nesse cenário, considerando os danos do crack ao usuário e sociedade bem como uma relativa escassez de dados relativos ao perfil da população usuária do crack no Município de Canoas, o presente trabalho tem por objetivo identificar a caracterização do perfil sociodemográfico, padrão de uso e aspectos da vulnerabilidade de usuários de crack cadastrados no CAPS-AD no município de Canoas – RS. Estudo transversal de caráter exploratório onde foram incluídos na pesquisa usuários de crack, cadastrados e atendidos pelo CAPS-AD de Canoas, RS no período de agosto de 2011 a julho de 2012, que preencheram os critérios para dependência de cocaína (crack) pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10). O principal instrumento de coleta foi constituído de entrevista semi-estruturada, direcionada por questões previamente padronizadas para permitir a comparabilidade de respostas entre os sujeitos. No período de agosto de 2011 a julho de 2012 foram entrevistados 102 usuários cadastrados na CAPS-AD de Canoas, dos quais 94 (92,1%) são homens e 8 (7,8%) são mulheres. Os usuários tem em idade média de 31,6 (±8,2) e verificou-se uma maior freqüência dos usuários com idade entre 21 a 30 anos (42,2%) e 31 a 40 anos (35,3%); 65,7% da cor branca e 15,7% da cor negra; e 71,6% não possuem companheiro(a). Quanto ao grau de escolaridade, 23,5% tem ensino fundamental e 30,4% tem ensino médio e 1,0% com ensino superior. Com relação as condições de moradia, 55,9 declararam residir em casa própria, e 36,3% informaram já terem morado na rua. 52,9% são desempregados. Verificou-se que usuários iniciaram o uso de drogas com idade entre 8 e 40 anos (média 16,3±4,3) e 40,2% dos usuários declararam iniciar o uso de drogas com maconha e 26,8% com álcool. O inicio do uso do crack ocorreu entre 10 e 47 anos (média 23,9±8.0) sendo 33,3% motivados pela curiosidade e 22,5% por influencia de amigos, com 35,3% dos usuários com 6 a 10 anos de uso do crack e 73,5% relataram consumo diário do crack. Trinta e seis usuários (35,3%) foram presos e 41,7% declararam fazer uso de drogas na prisão. Com relação a procura por tratamento na CAPS-AD, 83,3% informaram ser por vontade própria, 73,5% já foram internados. Os métodos usados para abstinência do uso do crack inclui auxilio psicológico (96,1%) e uso de medicamentos (58,8%). 55 (53,9%) usuários tem participação assídua da família no acompanhamento do tratamento. Tais informações possibilitam o estabelecimento de políticas de saúde e programas de atenção ao usuário e familiares nas unidades CAPS-AD.