Portal de Eventos da ULBRA., XVIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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Avaliação do dano cognitivo em usuários de crack em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS-AD) de Canoas
Lucimar Filot da Silva Brum, Franciele Farberowokz, Priscila Becker Packeiser, Zaira Graef Souza, Jaqueline Nascimento Picada, Patricia Pereira, Vanessa Meinertz Kaiser, Glaucia Maria Campos

Última alteração: 23-10-2012

Resumo


A dependência ao crack vem desafiando profissionais da saúde a compreenderem o perfil do usuário de substâncias psicoativas, em vista das dificuldades de manejo e abordagem do problema. Porém, embora o uso de crack/cocaína seja um problema significativo de saúde publica, há uma relativa escassez de dados científicos sobre as consequências neurocognitivas decorrentes da exposição a tais substâncias. Este trabalho tem como objetivo avaliar os danos cognitivos induzidos pelo uso do crack em usuários em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS-AD) de Canoas. No período de agosto de 2011 a julho de 2012 realizou-se avaliação cognitiva através de Teste de Memória Episódica em 24 dependentes de crack, em tratamento no CAPS-AD de Canoas e em 21 indivíduos controles (não usuários de drogas) pareados por idade, escolaridade e sexo que atingiram o ponto de corte do Mini-Exame do Estado Mental. Para a avaliação da memória episódica foram utilizados os testes de memória episódica com reconhecimento imediato de figuras (FIGIM) e teste de memória episódica com evocação livre imediata de palavras (PALIM). O grupo controle composto por 19 homens e 2 mulheres entre 18 e 35 anos (média = 22 anos) e o grupo de usuários de crack composto por 23 homens e 1 mulher entre 17 a 55 anos (média = 30 anos). Com relação à escolaridade, a maioria dos usuários (50,0%) não haviam completado o ensino fundamental, 29,2% completou o ensino fundamental e 8,3% possuem o ensino médio completo. No grupo controle, 42,8% não possuem o ensino fundamental completo, 52,4% completou o ensino fundamental, e 4,8% completaram o ensino médio. Todos os pacientes faziam ou fizeram uso de crack, por um longo período de tempo, 50% declararam ser usuários a mais de 10 anos, 25% entre 6 a 9 anos, 21% entre 2 a 5 anos e 4% em período menor de 1 ano. Quanto ao tempo de abstinência, 38,0% haviam consumido crack em período menor que 7 dias, 21,0% haviam consumido a droga nos últimos 15 a 30 dias, 12,0% nos últimos 30 a 60 dias, 12,0% estavam sem uso pro período de 6 meses a 1 ano e 17,0% estavam sem usar a droga a mais de 1 ano. Quando comparados através de teste não paramétrico Mann-Whitney verificou-se que os usuários de crack apresentam desempenho inferior ao grupo controle no teste de memória episódica com reconhecimento imediato de figuras (FIGIM) e no teste de memória episódica com evocação livre imediata de palavras (PALIM). Os resultados mostram que houve diferença significativa nos testes de atenção, memória visual e memória verbal entre o grupo controle e o grupo teste, e tais dados sugerem evidências de que o uso de crack esta associado a déficits cognitivos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos, possivelmente relacionados a problemas em regiões cerebrais pré-frontais e temporais.