Última alteração: 23-10-2012
Resumo
A abordagem de feridas é um procedimento de rotina para profissionais que trabalham com equinos, visto que suas atividades atléticas predispõe a lesões traumáticas, principalmente em membros, além de problemas com manejo e instalações que muitas vezes não preservam a integridade física dos animais. Considerando que a espécie apresenta características próprias que favorecem a complicação na cicatrização de feridas, torna-se importante o desenvolvimento de novos protocolos que favoreçam uma melhor reconstituição tecidual. A técnica do PRP propicia um aumento da concentração plaquetária no local da lesão, aumentando fatores de crescimento e citocinas. Realizou-se no Hospital Veterinário da ULBRA o desenvolvimento de um protocolo para obtenção de plasma rico em plaquetas (PRP), tendo como premissa abrir novos horizontes para uso clínico em pacientes. A metodologia é constituída da coleta de 36 mL de sangue total, obtido por venopunção da jugular, e armazenado em tubos estéreis de 3,6 mL contendo anticoagulante a base de citrato de sódio 3,2%. Após homogeneização o sangue foi centrifugado a 200G, durante 20 minutos em temperatura ambiente. Em seguida, foi aspirado todo o plasma da fração superior do tubo, mais o botão leucocitário e uma porção das hemácias, totalizando 0,5mL desta última fração. Efetuou-se mais uma centrifugação do material aspirado em tubo de vidro estéril sem anticoagulante, a 400G por 10 minutos. Foi aspirado e desprezado ¾ do plasma e mantido no tubo o restante do plasma mais o sedimento celular. A coleta do PRP do plasma restante, somado a uma porção de células que compõem o botão leucocitário e hemácias, representam um volume de aproximadamente 500µL. No presente estudo, foi utilizado um equino para a realização do protocolo, do qual foi obtida a concentração de 189.000/μL plaquetas no perfil hematológico de sangue total, e no parâmetro hematológico, após o incremento plaquetário, a concentração passou a 694.000/μL. A aplicação de PRP foi infundida neste mesmo animal, no tratamento de uma ferida localizada no membro pélvico esquerdo na altura da articulação tíbio-társica, após o processo de ressecção do tecido proliferativo. A aplicação de PRP contribuiu para uma diminuição da resposta inflamatória, permitindo durante uma semana a ausência de tecido exuberante de granulação, contribuindo para uma cicatrização mais limpa, mantendo um resultado de bordo da ferida mais uniforme. Para cada animal é necessária a adoção de um protocolo de tratamento, mediante os seus parâmetros clínicos específicos. É uma terapia menos invasiva sem efeitos deletérios, e que, por ser autógena, diminui a transmissão de doenças infecto-contagiosas e a ocorrência de reações imunológicas. A importância deste estudo é a confirmação do uso do PRP como tratamento viável a ser instituído na rotina clínica do HV-ULBRA, associado ou não a outros protocolos terapêuticos, como forma de auxiliar na recuperação de feridas e lesões cutâneas em equinos.