Última alteração: 29-10-2013
Resumo
Os atuais movimentos e manifestações revelam mudanças na forma como acontece o processo de mobilização e organização dos mesmos. A comunicação parece ter um papel central, tanto na forma de organização e mobilização dos movimentos de resistência, quanto na formulação das reivindicações, pois a população passa a ter acesso livre á informações, muitas vezes, de documentos não autorizados para divulgação, como o wikileaks. Com esta nova dinâmica de funcionamento, a literatura passa a nomear este tipo de confronto como “cyberguerra”, uma expressão nova, que define confrontos ou atos de espionagem que podem ocorrer tanto paralelamente a conflitualidade “física” “real” ou exclusivamente cybernéticos. Estudar este tipo de conflito se torna importante na medida em que a internet cada vez mais vem sendo usada como ferramenta de disseminação de informações e organização dos movimentos, como pudemos presenciar nos últimos meses no Brasil e no mundo todo. Este trabalho tem o objetivo de analisar a forma como o movimento social Anonymous Brasil organiza e divulga as informações relacionadas a movimentos e operações em duas de suas páginas de Facebook e em seu site. Para tal foi feita uma revisão de literatura para se discutir essa nova forma de militância política, como também uma análise do conteúdo de janeiro a julho de 2013 de três páginas na Internet: Facebook, Anonymous Brasil (causa) e Anonymous Brasil (comunidade); e site oficial (http://www.anonymousbrasil.com/). Os resultados preliminares sugerem que o Anonymous tem participação ativa nas manifestações atuais no país, de forma que contribuem tanto na organização das manifestações presenciais como divulgam informações sobre o cenário político atual. Outra forma de militância referida foi a prática de operações e manifestações estritamente virtuais, como o bloqueio de sites de governo ou empresas, modificando-os sem autorização, expondo dados confidenciais e reivindicações do movimento. Anonymous existe em plano “real” e “virtual” e atua nestes dois planos, mostrando que um ataque ou movimento cybernético também é real, pois é capaz de mobilizar milhares de pessoas e legitimar suas reivindicações. Porém, por ainda existirem poucos estudos sobre a cyberguerra, é difícil definir todas as suas consequências e desdobramentos.