Última alteração: 29-10-2013
Resumo
Cricetidae é uma família de roedores que engloba seis subfamílias, entre estas Sigmodontinae. Estes são em sua maioria sul-americanos e acusam, através de sua distribuição e diversidade, um marcado endemismo neste continente. Possuem uma grande versatilidade relacionada à ocupação de ambientes, ocorrendo em áreas de floresta, desertos, campos associados a corpos d’água, ambientes alagadiços, terrestres ou mesmo arbóreos. Também possuem uma grande variedade alimentar, podendo consumir raízes, sementes, folhas, frutos, insetos e até pequenos vertebrados. Sigmodontinae está distribuída em sete tribos e entre estas Orizomyini, que inclui os gêneros Holochilus e Nectomys. Estes dois gêneros têm grande distribuição geográfica, ocorrendo no leste do Paraguai; nordeste, centro-oeste e sul do Brasil, sudeste e centro da Argentina e Uruguai. No estado do Rio Grande do Sul registramos as espécies H. brasiliensis e N. squamipes, as quais possuem hábitos semiaquáticos, sendo facilmente confundidas devido à coloração da pelagem, tamanho, proporções e nado similar. H. brasiliensis possui dieta baseada em itens de origem vegetal, ocorrendo em banhados ou corpos d’água associados a campos. Já N. squamipes é onívoro, ingerindo principalmente invertebrados e outros itens de origem animal e vegetal, sendo encontrado no interior de florestas associadas a corpos d’água. Anatomias ósseas diferentes são resultados de adaptações à vida e hábitos de uma espécie, desta forma, quanto maior a adaptação, maior é o uso que o animal faz daquela estrutura no meio. A relação de presença de caracteres relacionados ao hábito aquático pode demonstrar maior eficiência de ocupação do habitat pelas espécies. O objetivo deste estudo consiste em analisar e comparar os acidentes ósseos da cintura escapular e pélvica de H. brasiliensis e N. squamipes, para observar as adaptações que estes desenvolveram para seu habitat. A amostra constitui-se de 18 exemplares de H. brasiliensis e 12 de N. squamipes, todos tombados na Coleção de Mamíferos do Museu de Ciências Naturais da ULBRA (MCNU). Os exemplares foram classificados em classes de idade relativa utilizando o padrão de desgaste da face de oclusão dos molares. Nossos resultados parciais apontam que em N. squamipes existe uma estrutura de cartilagem na ligação entre a clavícula e o esterno, estrutura ausente em H. brasiliensis. Adicionalmente, analisando a coluna vertebral de N. squamipes, foi possível observar que existe uma variação intraespecífica no número de vértebras torácicas e lombares, podendo ser observadas 13 vértebras torácicas e 6 lombares, 12 vértebras torácicas e 7 lombares ou 13 vértebras torácicas e 7 lombares. O projeto encontra-se em uma fase inicial onde estou compondo a amostra. Com a continuidade dos estudos será possível apresentar resultados conclusivos para essa pesquisa.