Última alteração: 25-10-2013
Resumo
A utilização de plantas para fins terapêuticos é uma das mais antigas práticas da humanidade. Tem-se observado nas últimas décadas, que os avanços técnicos e o desenvolvimento de novos métodos de isolamento de substâncias dos extratos de plantas, fez com que a indústria farmacêutica e os institutos de pesquisa fossem em busca de novos fármacos à base de produtos naturais. Mesmo com o consumo elevado de medicamentos sintéticos nos últimos anos, os medicamentos de origem natural vêm sendo o tratamento de escolha para uma grande parcela da população mundial, pois para muitos são a única fonte de medicação. A família Myrtaceae é uma das maiores representantes da botânica brasileira. Vários estudos demonstram que aproximadamente 70% das plantas pertencentes a este grupo pode ser utilizada para diversos fins terapêuticos, destacando-se principalmente as atividades antiinflamatória, analgésica, antipirética e antifúngica. A Calyptranthes tricona possui uso medicinal popular como antiinflamatório, porém não existem estudos etnofarmacológicos e científicos que comprovem esse efeito. Neste contexto, o principal objetivo deste estudo foi verificar a toxicidade dos extratos etanólico e hexânico da Calyptranthes tricona em cultura celular através da realização do ensaio de Alamar Blue. A citotoxicidade foi avaliada usando células epiteliais de ovário de hamster chinês (CHO-K1). As células foram plaqueadas em densidade de 2x104 células/mL em placas de 96 poços contendo 200µL de meio Eagle modificado por Dulbecco (DMEM) + HAM F-10, suplementado com 10% de soro bovino fetal. As células foram tratadas com diferentes concentrações dos extratos vegetais (7 diluições em série a partir de 200 µg/mL) e incubadas por 72 horas a 37ºC e 5% de CO2. Após incubação, foi adicionado o reagente de Alamar Blue a 10%. Decorridas 5 horas de incubação, as amostras foram lidas a 570 e 620 nm de comprimento de onda. A doxorubicina foi utilizada como controle positivo. Os extratos vegetais da Calyptranthes tricona não apresentam potente atividade citotóxica, pois a viabilidade celular manteve-se acima de 50% para concentrações abaixo de 200 µg/mL. Estudos para determinar o potencial da atividade mutagênica e genotóxica serão realizados para assegurar o uso terapêutico desta planta na medicina popular, levando-se em conta que muitos compostos presentes nas plantas possuem a capacidade de gerar danos celulares e genéticos, que podem afetar vários processos vitais do organismo, levar ao desenvolvimento de processos cancerosos e à morte celular.