Última alteração: 24-10-2013
Resumo
O presente estudo é constituído de resultados preliminares do projeto de pesquisa “Guerra e Religião - estudo de textos e imagens do mundo Antigo Oriental”, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa do Mundo Antigo (LAPEMA), que busca compreender, através de textos e séries de imagens parietais neoassírias, a relação entre a religião e os conflitos militares que marcaram a constituição deste grande império mesopotâmico. Este trabalho se propõe analisar a representação da guerra na arte neoassíria, mantendo o foco nas características táticas imortalizadas em baixo relevo. Tais obras transmitem informações bélicas que a linguagem escrita não permite, veiculadas por cenas de batalha que servem como um modelo iconográfico para os reinados posteriores. O exército neoassírio ficou conhecido no I milênio a.C. como um referencial de poder e força militar. Eventos belicosos, cercos e táticas de guerra se fazem presentes na documentação histórica deste império, peculiaridade que o destacou por constituir uma força de exímios guerreiros no Antigo Oriente Próximo. A formação de uma organização rigorosa e eficaz para o campo de batalha não ocorreu em um determinado período, mas sim ao longo de um processo de vários reinados, como no de Sargão (721-705 a.C.) e seus sucessores: Senaqueribe (704-681 a.C.), Assarhadon (680-669 a.C.) e Assurbanipal (669-630 a.C.). Para realizar o estudo dos documentos de teor iconográficos, utilizamos o método de Iconologia de Erwin Panofsky, que consiste em descrição pré-iconográfica, onde se enumeram os motivos artísticos e analisam-se séries de imagens; análise iconográfica, que é a identificação de imagens, estórias e alegorias, combinando os motivos artísticos com os temas e conceitos a serem estudados; e interpretação iconológica, que é a descoberta e interpretação dos valores simbólicos nas imagens. A documentação textual oferece informações como o nome das ordens militares, as subdivisões do exército, os cálculos de rações nos acampamentos e as formas de recrutamento. Porém é através da análise de imagens que conseguimos distinguir uniformes e armas de diferentes corpos do exército, desenvolvimento de campos militares, as diferentes formas de conquista de cidades, o tratamento com os prisioneiros de guerra e as situações de deportação com os mesmos. A arte assíria transmite de forma única o ideal de tática de conquista, com o relato visual da ordem de infantaria, cavalaria e as tecnologias aplicadas em diferentes terrenos inimigos, revelando assim a ideologia de um confronto perfeito para submeter o adversário.