Este trabalho está inserido no escopo mais amplo da pesquisa cujo título é “Lugares e Sentidos das Ações Pedagógicas relacionadas ao respeito às diversidades de gênero e de sexualidade na Educação Básica” que tem como objetivo principal verificar e problematizar acerca das práticas pedagógicas desenvolvidas nos âmbitos educacionais a fim de colocar em prática o que se propõe em documentos oficiais, tal como as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN´s/2010), com o intuito de promover o respeito às diferenças sexuais e de gênero.  Neste trabalho, especificamente, temos como propósito fazer uma análise sobre as representações da mulher no Brasil, na década de 1970. Para isso, temos como instrumento de análise a Enciclopédia da Mulher e da Família, que foi publicada no Brasil em 1971 e que aqui é tomada como um artefato cultural que acaba produzindo uma pedagogia já que visa ensinar modos de ser e de se comportar. Nesta Enciclopédia estão descritas as diversas atividades que ao longo do tempo foram sendo destinadas ao gênero feminino como: cuidados com os filhos e o marido, cozinhar bem, costurar, limpar a casa, realizar serviços gerais e não descuidar-se de aparência. É importante destacar, portanto, que os entendimentos sobre o conceito de gênero no âmbito desse trabalho não se resumem à diferenciação de “papéis” e “funções” femininas e masculinas, uma vez que ao pensarmos tal conceito simplesmente como sinônimo de papéis, damos margem a se pensar em regras arbitrárias que determinada cultura ou sociedade impõe aos seus membros, definindo comportamentos, modos de ser, modos de se vestir, atitudes, etc. e deixamos de problematizar as relações de poder existentes entre homens e mulheres (SCOTT, 1995; LOURO, 1997). Por isso, cabe salientar aqui que as atividades expostas como femininas na referida Enciclopédia não são vistas como naturais às mulheres, mas atrelam-se às construções culturais e sociais que foram se dando ao longo do tempo e da história. Por fim, cabe mencionar que para esse trabalho utilizamos os estudos e as pesquisas desenvolvidos no âmbito dos Estudos Culturais e dos Estudos de Gênero, especialmente aqueles que se aproximam de uma abordagem pós-estruturalista de análise.