Última alteração: 24-10-2013
Resumo
Conhecido como ‘SlutWalks’, o movimento de protesto de mulheres contra o sexismo e a violência sexual teve início em Toronto, Canadá, em abril de 2011, em represália à fala de um policial em uma palestra de segurança pública que afirmou que ‘as mulheres evitariam o estupro se não se vestissem como vadias’. A partir daí, tornou-se temática para debates em diversos países, inclusive no Brasil, onde desde então, foram realizados protestos em inúmeras cidades, sob a denominação de ‘Marcha das Vadias’. A importância do estudo deste tema se dá na medida em que as questões de gênero e de direitos da mulher nunca se fizeram tão presentes como na atualidade, se fazendo necessária uma maior implicação crítica por parte dos pesquisadores nesses movimentos. Este trabalho tem por objetivo analisar o discurso presente na Marcha das Vadias Porto Alegre, ocorrida em 26 de maio de 2013. Para tal, foi feita anteriormente uma revisão de literatura dos seguintes autores contemporâneos que referem em sua obra feminismo e análise do discurso: Helena Nagamine Brandão, Conceição Nogueira, Ian Parker, e Michel Focault. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com manifestantes e diários de campo provenientes de observação participante no dia do evento, além da análise das principais palavras de ordem da manifestação. As informações foram submetidas à análise do discurso sendo agrupadas em categorias definidas a priori: forma como se dá a divulgação da marcha, feminismo como estruturador do discurso dos manifestantes, discurso que refere papeis identitários definidos socialmente, referência à formação política e ligação a partidos políticos ou organizações governamentais. Os resultados preliminares sugerem que a organização e divulgação da marcha se dão basicamente através de redes sociais; o discurso feminista se constitui como principal estruturador tanto das falas dos entrevistados quanto das palavras de ordem da manifestação; há uma clara oposição à forma patriarcal de organização da sociedade, que determina ideologicamente papeis de homens e mulheres; apesar de referirem participação em grupos de formação e de luta pelos direitos das mulheres, os manifestantes não identificam partidos políticos como militantes ou parceiros. Embora os resultados reflitam uma análise parcial dos dados, as conclusões reiteram a importância da continuidade de pesquisas nesse sentido.