Última alteração: 04-11-2023
Resumo
A micoplasmose felina, também referida como anemia infecciosa felina, é provocada por um tipo de rickettsia denominada Mycoplasma haemofelis, anteriormente conhecida como Haemobartonella felis. Esses microrganismos se fixam na superfície dos glóbulos vermelhos dos felinos, resultando na sua eliminação pelo sistema de defesa fagocitário mononuclear e um quadro de anemia hemolítica. Objetivou-se relatar o caso de um felino, sem raça definida, macho, castrado, com 2 anos de idade, atendido em um hospital veterinário de Canoas-RS, com queixa de inapetência e apatia. Segundo o responsável, o paciente não tinha acesso à rua e não era testado para os vírus da imunodeficiência felina (VIF) e leucemia viral felina (LeVF). Em exame físico apresentou temperatura retal 39,2Cº, mucosas pálidas, desidratação moderada, frequência cardíaca acima de 200 batimentos por minuto, frequência respiratória de 40 movimentos por minuto, petéquias pelo corpo e região das orelhas. Foram solicitados exames complementares como hemograma com esfregaço sanguíneo que evidenciou anemia nomocrômica e normocítica, linfopenia, trombocitopenia e presença de estruturas basofílicas e pontilhadas na periferia do citoplasma das hemácias, sugestivo de Mycoplasma spp. O animal foi não reagente para VIF e LeVF. O tratamento de escolha foi doxiciclina 10 mg/kg, 1x/dia, por 14 dias, prednisona 0,5 mg/kg, 1x/dia por 14 dias, orexígeno por 3 dias, ondansetrona 1 mg/kg se vômitos, além de selamectina a cada 35 dias, para controle dos vetores como artrópodes. Na consulta de retorno o paciente apresentou melhora clínica e repetição dos exames laboratoriais em 30 dias, não havendo recidivas. Apesar do êxito no tratamento, o diagnóstico definitivo de Mycoplasma spp. não foi realizado por outros métodos, como a reação em cadeia de polimerase (PCR) devido às questões financeiras dos responsáveis.