As hemoparasitoses são doenças caracterizadas por distúrbios hematológicos que acometem os animais domésticos. Dentre elas, as principais são Babesia canis e Ehrlichia spp., responsáveis por infectar canídeos domésticos. A transmissão de Babesia canis e Ehrlichia spp. ocorre pela presença de vetores, especialmente o carrapato Rhipicephalus sanguineus. As alterações sistêmicas causadas por estas afecções levam os animais a demonstrarem quadros clínicos graves, podendo resultar em óbito. Os métodos diagnósticos comumente utilizados hoje em dia na rotina clínica são, principalmente, a pesquisa de parasitos em lâmina (esfregaço sanguíneo) e testes sorológicos. Devido à apresentação de sinais clínicos inespecíficos, requer-se uma maior precisão na pesquisa dessas patologias, pois o diagnóstico definitivo é indispensável na medicina veterinária para melhor direcionamento do tratamento. Métodos de Biologia Molecular que apresentam maior acurácia, como a técnica de PCR, têm sido demonstrados fundamentais no diagnóstico com especificidade. Este trabalho objetivou realizar um levantamento de amostras de cães submetidas à reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real (qPCR) para a detecção de Babesia canis e Ehrlichia spp. A metodologia consistiu na obtenção de 78 amostras de sangue total de cães com sinais clínicos suspeitos de hemoparasitoses que apresentavam anorexia, apatia, mucosas pálidas, febre, anemia e trombocitopenia. As amostras são provenientes de atendimentos clínicos realizados no Hospital Veterinário da Ulbra em Canoas, clínicas veterinárias e laboratórios parceiros localizados na região Metropolitana. A avaliação foi realizada em duas etapas: a primeira no período de 2018 a 2019 e a segunda em 2022 a 2023. As amostras foram submetidas à extração de DNA, amplificação e realização de ensaios de qPCR utilizando kits de reagentes NewGene® conforme instruções do fabricante (Simbios Biotecnologia, Cachoeirinha, Brasil). Os resultados demonstraram que 9 (11,5%) amostras foram positivas, sendo elas 4 (5,1%) positivas apenas para Babesia canis, 4 (5,1%) positivas apenas para Ehrlichia spp. e 1 (1,3%) amostra apresentando coinfecção, sendo positiva para Ehrlichia spp. e Babesia canis simultaneamente. Dada a relevância veterinária das hemoparasitoses, é necessário aprimorar o processo de detecção de Babesia canis e Ehrlichia spp.