Última alteração: 18-11-2022
Resumo
Investiga-se as narrativas de uma das precursoras da luta por direitos das mulheres negras, Sophia Ferreira Chaves (1883-1904), pseudônimo Pepita, publicadas no jornal de imprensa negra O Exemplo, em 1904. A história do protagonismo das mulheres negras pelos seus direitos, apesar de central na história do Brasil, é um tema ainda pouco estudado. Neste sentido, o objetivo central dessa pesquisa é visibilizar o protagonismo de “Pepita”, suas principais pautas e reivindicações. Entende-se que suas crônicas são uma contribuição relevante para o estudo do feminismo negro e da interseccionalidade de classe, gênero e raça no pós-abolição. O aporte teórico dessa pesquisa combina questões postas pelo campo dos Estudos Culturais e dos Estudos Feministas. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa e documental, de quatro crônicas da autora. Entre as questões de pesquisa destaca-se: Quais eram as principais pautas nas suas crônicas? Quais as categorias sociais que marcaram suas narrativas? Que identidade assumiu na luta por direitos no pós-abolição? Entre os resultados obtidos salienta-se nas crônicas “5 de outubro”, “Observando”, “Descrição” e “As mulheres”, as opressões de classe; “O desvalimento da nossa classe da repulsa que o homem pobre encontra em toda a parte”, “dois grupos: os protegidos e os repelidos”; de gênero “saindo da penumbra” e do “obscuro cantinho”, a critica às mulheres “escravas da vaidade”, “rainhas dos salões” e na defesa da instrução das mulheres, “a guerra contra a ignorância”, “trocar os espelhos pelos livros” e de raça, que se manifestam na identidade que assume “os nossos” e na defesa da publicação do jornal O Exemplo e na luta contra os preconceitos. Salienta-se a interseccionalidade de classe, gênero e raça nas crônicas de “Pepita” no jornal O Exemplo, demonstrando que as opressões se entrecruzam nas experiências das mulheres negras e implicam em múltiplas desigualdades.
Palavras-Chave: Pepita, Interseccionalidade, Classe, Gênero, Raça.