Última alteração: 03-12-2021
Resumo
Nos últimos anos, os conceitos ‘imersão’ e ‘imersividade’ vêm sendo utilizados amplamente por estudiosos de várias áreas para analisar a sensação de presença não-mediada do sujeito – em oposição à simples experiência do uso – em universos gerados com tecnologias digitais. Apesar de não haver consenso quanto aos elementos estruturais capazes de gerar esse efeito e tampouco quanto às disposições psicológicas envolvidas em experiências consideradas imersivas, os pesquisadores desse campo se dividem, de acordo com Nilsson, Nordahl e Serafin (2016), em quatro principais tipos de abordagem, a saber, estudos sobre: (1) as propriedades imersivas dos sistemas; (2) a resposta sensorial a ambientes e recursos imersivos; (3) a resposta mental a representações e universos narrativos; (4) a resposta subjetiva a desafios dentro de ambientes virtuais. No presente estudo, assumimos a perspectiva teórica segundo a qual a imersão é um fenômeno multidimensional (Ermy; Mäyrä, 2005) e, portanto, diferentes aspectos ligados tanto aos sistemas quanto aos sujeitos envolvidos podem adquirir centralidade de acordo com cada experiência individual. Em outros termos, artefatos e representações imersivas estão dotadas de recursos de imersividade aos quais diferentes sujeitos respondem de maneiras diversas. O objetivo deste trabalho é apresentar uma síntese dos principais recursos considerados imersivos em sistemas de representação com RA e, em seguida, trazer o resultado de uma análise dos principais recursos imersivos presentes no aplicativo literário com RA ‘Willowcrest Manor’. A metodologia empregada consiste de pesquisa bibliográfica e análise do aplicativo. A história está incluída no aplicativo ‘Wonderscope’, um aplicativo que contém alguns contos interativos para crianças em RA. Todas as narrativas são capazes de proporcionar, aos usuários, o efeito da imersão, fazendo o leitor interagir com os personagens, os quais aparecem no espaço físico em que está situado o próprio leitor. O fato de que a interação ocorre no ambiente físico ocupado pelo leitor produz a sensação da presença, levando o leitor a acreditar que faz. Essa sensação é intensificada na medida em que, pelo aplicativo de RA, o leitor também é capaz de interagir e conversar com os personagens, inclusive ajudando-os com as tarefas que a história vai propondo durante o desenrolar do enredo.