Última alteração: 03-12-2021
Resumo
A hipertensão arterial sistêmica é o aumento da pressão arterial sanguínea e este pode causar lesões renais, cardíacas, neurológicas e oculares. A terapia empregada varia de acordo com a causa primária e o grau de lesão aos órgãos afetados6. O presente trabalho tem como objetivo discutir a relação da hipertensão arterial com a nefropatia em um cão. O caso relatado foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas (HCV-UFPel), trata-se de um cão da raça dachshund, fêmea, castrada, com oito anos de idade, pesando 4,965 kg. A paciente chegou para consulta com a queixa de estar demorando para urinar, quando esta urinava ocorria em grande volume e costuma urinar em sua cama a noite; durante o exame físico, apresentou temperatura de 39,4°C, estava muito agitada e agressiva, mucosas normocoradas, normohidratada, o teste de preenchimento capilar durou 2 segundos, frequência cardíaca de 124 batimentos por minuto e com escore de condição corporal ideal. A pressão arterial foi aferida em 173 mmHg, sendo a mesma aferida mais de uma vez. Para um cão ser considerado hipertenso, a pressão arterial sistólica deve ser igual ou superior a 170mmHg7. Foi solicitado, como exame complementar, para o paciente a realização da urinálise, onde foi constatado proteinúria, e a mesma quando associada a hipertensão, são possíveis sinais clínicos de doentes renais crônicos hipertensos7, além disso, a hipertensão tem como prejuízo renal a morte precoce dos néfrons e a elevação da proteinúria. Em cães, o aumento da pressão arterial e a diminuição da taxa de filtração glomerular estão diretamente relacionados com a presença de proteinúria6. Ademais, também foi realizado ultrassonografia, onde foi constatado ecogenicidade difusa ligeiramente elevada em região cortical e medular, difícil diferenciação entre córtex e medula, sendo indicativo de nefropatia. A lesão renal hipertensiva ocorre quando a autorregulação glomerular não é capaz de proteger o glomérulo da pressão vascular sistêmica6. A terapia empregada ao paciente incluía o uso de benazepril, inibidor da enzima conversora de angiotensina (iECA), na dosagem de 0,5mg/kg, por via oral, duas vezes ao dia (BID), durante 30 dias. Ao retornar para consulta, o animal ainda apresentava hipertensão arterial e proteinúria, sendo que a redução da proteinúria indicaria evidente eficácia da terapia6, logo é necessário à reavaliação do tratamento e seu prolongamento.