Última alteração: 03-12-2021
Resumo
Palavras-chave: testosterona; transexualidade; trans masculinos; terapia hormonal
Introdução: A transexualidade, chamada de transtorno de identidade de gênero (TIG), está classificada no CID F64-01 (CID - Código Internacional de Doenças) e refere-se ao indivíduo cujo sexo biológico não se alinha com sua identidade de gênero, ou seja, ele presencia um gênero diferente do que lhe foi designado ao nascer 2,3,4. O termo trans masculinos se refere às pessoas que nasceram com o sexo biológico feminino, porém, não se identificam com essa designação2. Atualmente, existem diversos procedimentos cirúrgicos que podem ser realizados para amenizar o sentimento de não pertencimento que estes indivíduos enfrentam. No entanto, a terapia de reposição hormonal, por meio da administração de testosterona exógena aplicada via intramuscular é a primeira escolha dentre os tratamentos existentes2. Objetivos: O objetivo deste estudo é descrever os parâmetros sistêmicos dos hormônios sexuais de homens trans pós terapia hormonal de usuários da política LGBTQIA+. Material e Métodos: Análise de dados de prontuários de usuários que participaram do acompanhamento no ambulatório LGBTQIA+ no Centro de Especialidades Médicas (CEM) no município de Canoas/RS. Esse projeto de pesquisa tem o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) nº 31548820.3.0000.5349 e nº de protocolo do Comitê de Ética de 4.114.308. Foram analisados os seguintes hormônios sexuais dos participantes: Luteinizante (LH), Folículo Estimulante (FSH), Estradiol e Testosterona para os 19 pacientes em acompanhamento, pelo menos 3 exames laboratoriais ao longo do tempo. Para análise estatística foi realizado ANOVA seguida do teste Student-Newman-Keuls (média±erro padrão da média – EPM). Resultados e Discussão: Havia aproximadamente 100 prontuários de pacientes que se cadastraram no programa trans masculino. Destes, 52 deram início ao tratamento hormonal, já os demais, não permaneceram com o acompanhamento. Dentre estes, 64% (33 participantes), realizaram até a segunda coleta de exames - 6 meses após a primeira análise. Apenas 36%, (19 pacientes), realizaram até a terceira coleta de exames laboratoriais. Nesse trabalho foi avaliado o perfil hormonal que contemplaram as três coletas. As média + EPM das três coletas para hormônios sexuais foram: FSH, mUI/mL (4,0±0,6/4,9±0,8/5,4±0,8); LH, mUI/mL (4,6±0,8/4,1±0,7/5,0±0,8); Estradiol, pg/mL (82,7±18,8/55,9±8,9/60,5±11,6); e Testosterona, ng/mL (154,4±59,8/425,8±99,2/578,9±114,7). Foi encontrado diferença significativa apenas nas concentrações de Testosterona (p£0,0083). Como é possível observar a Testosterona mostrou um aumento das concentrações ao longo do tratamento de aproximadamente 18 meses de reposição hormonal. Conclusão: Fica evidente o aumento sistêmico da testosterona, que induz modificações no corpo do usuário para o perfil masculino. Portanto, é necessário acompanhamento constante para que o usuário possa compreender as mudanças fisiológicas, morfológicas e comportamentais que a reposição hormonal desencadeia.
Referências:
- CID10 Código Internacional de Doenças. Disponível em: Acesso em: 02 out. 2021.
- MARTINS, Maria Isabel Morgan. OLIVEIRA, Jason Sant’Ana de. SANTOS, Ana Maria Pujol Vieira dos. Avaliação dos parâmetros sistêmicos e bioquímicos em homens transgêneros pós terapia hormonal. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 19, pp. 99-114.
- BURKE, S. et al. Testosterone Effects on the Brain in Transgender Men. Cerebral Cortex, v. 28, n. 5, p. 1582-96, 2017.
- UNGER, C. Hormone therapy for transgender patients. Translational Andrology and Urology, v. 5, n. 6, p. 877-84, 2016.