Última alteração: 03-12-2021
Resumo
Palavras-chave: Representações de professor(a); Estudos Culturais; Humor; YouTube; Diogo Almeida
Como entender o surgimento de um nicho humorístico, formado por comediantes ex-professores – “especialistas” em piadas de/sobre professores(as) e para professores(as) – nas redes sociais? Como entender as “novas” piadas de professores e professoras, que mostram tais sujeitos como seres hiper sexualizados(as), descontrolados(as), pauperizados(as)? O presente estudo é parte de uma Tese de Doutorado em andamento junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil voltada para a análise de representações de professor e de professora acionadas por um humorista bastante popular entre professores(as), Diogo Almeida, em vídeos do canal Vida de Professor no YouTube. O canal foi criado em 2015 e apresenta 523 mil inscritos, mais de 46 milhões de visualizações e 337 vídeos que abordam o cotidiano de professores e professoras a partir da perspectiva do humorista – que, também, se apresenta como “ex-professor”, “ex-coordenador pedagógico” e “ex-marido de professora”. Adota-se a perspectiva teórica dos Estudos Culturais e dos Estudos de Mídia para verificar como o humor é utilizado para representar (e, nesse sentido, construir e posicionar cultural e discursivamente) o professor e a professora. Realiza-se, também, uma revisão dos trabalhos de Sírio Possenti sobre o discurso do humor, bem como dos trabalhos que articulam, Estudos Culturais, humor e docência. O material empírico constitui-se de quatro vídeos do Canal Vida de Professor e dos respectivos comentários de usuários e usuárias – docentes que, de forma geral, sentem-se representados(as) pelas piadas, contam aspectos pessoais de suas vivências e riem de suas próprias desgraças. As análises preliminares apontam que Diogo Almeida explora estereótipos de professor e de professora bastante utilizados na cultura de forma mais ampla (são recorrentes as menções ao professor que é pobre e que, meramente, sobrevive, conseguindo desempenhar as suas funções apesar das dificuldades; à professora “descontrolada”, etc.), mas também apresenta, com suas piadas, professores “garanhões” e professoras “sensuais”, contrariando representações históricas sobre corpos, gêneros e sexualidades docentes. Já os usuários do canal sugerem outras temáticas a serem discutidas pelo humorista, encarando-o como uma espécie de “porta-voz docente”, real entendedor das agruras da docência e da formação docente; além disso, os próprios professores produzem, nos comentários, discursos humorísticos (e estereotipados) de si mesmos: um dos usuários, por exemplo, pede que o humorista faça um vídeo “de professor de Educação Física, a gente tem que se virar o ano todo com uma bola furada e os professores ficam falando pelos cantos do corredor que a gente não faz nada kkkkkkk”; outro pede um vídeo “falando sobre a professora novata e inexperiente, por favoooorrr”. Ressalta-se que tais representações, bem ou mal-humoradas, acabam por refletir em situações cotidianas da vida de docentes, bem como impactar no modo como a classe vem sendo vista, entendida e (des)valorizada pela sociedade.
Referências Bibliográficas:
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CECHELLA, Nara Cristine Thomé Palácios. Tirando graça da desgraça dos modos de ser e estar professor na pandemia? Escola Básica e adoecimento docente em tempos de stand-up comedy. Canoas: PPGEDU-ULBRA, 2021 (Projeto de Tese de Doutorado em Educação).
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COSTA, Marisa Vorraber (Org.). O magistério na política cultural. Canoas: ULBRA, 2006.
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