Última alteração: 03-12-2021
Resumo
Introdução: A pandemia do coronavírus, causada pelo SARS-CoV 2, atingiu a marca de 4,5 milhões de mortes e mais de 230 milhões de casos registrados em todo o mundo até setembro de 2021. O vírus acometeu diferentes perfis da população, e alguns estudos, como Rahman et al., (2020) e Galvão MHR et al., (2021), sugerem que homens são mais suscetíveis para desenvolverem piores desfechos que as mulheres; no entanto, ainda não há um consenso sobre essa afirmação, necessitando de mais estudos a respeito. Objetivos: Avaliar os desfechos alta e óbito em pacientes do sexo masculino e feminino, internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em decorrência do coronavírus. Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal descritivo e exploratório. O período da coleta foi de novembro de 2020 até março de 2021 na UTI do Hospital Universitário (HU), Canoas/RS. Os dados coletados dos prontuários de 93 pacientes que foram internados na UTI por COVID-19, foram: desfechos (alta ou óbito), sexo, idade, índice de massa corporal (IMC) e tempo de internação. Resultados e Discussão: Em relação ao perfil dos pacientes 46 (49,5%) foram do sexo feminino e 47 (50,5%) do sexo masculino; com relação ao índice de massa corporal (IMC), foi encontrado uma média de 31,4 ± 7,3 (média ± desvio padrão da média -DP), portanto são pacientes obesos. Com relação aos desfechos alta e óbito, foi encontrado que: 27 pacientes tiveram alta, sendo 12 (44,4%) do sexo feminino e 15 (55,6%) do sexo masculino; já no desfecho óbito, 61 pacientes vieram a óbito, sendo 32 (52,5%) do sexo feminino e 29 (47,5%) do sexo masculino, essa diferença não foi significativa (p = 0,644). Ao avaliar as variáveis que tiveram mais relação com a mortalidade desses pacientes a idade era mais elevada no grupo que evoluiu a óbito (62,4 x 54,8; p = 0,009). Em relação ao tempo de internação, em dias, este foi menor no grupo que evoluiu a óbito (9 x 5,5; p = 0,014). Nesta análise foram considerados 88 pacientes, uma vez que em cinco casos houve perda de seguimento após alta de UTI (transferidos para UTI de outro serviço hospitalar). No estudo de Rahman et al., 2020, foi realizado uma meta-análise com 2272 pacientes que mostrou maior mortalidade em pacientes do sexo masculino (razão de risco de 1,29, intervalo de confiança de 95% [IC] 1,07 a 1,54). Galvão et al., (2021) realizou uma análise de sobrevivência de indivíduos diagnosticados com COVID-19 no estado do Rio Grande do Norte, sendo notificado até o dia 24 de agosto de 2020, um total de 1842 mortes; entre os óbitos, 55,4% eram do sexo masculino (Hazard Ratio = 1,45, p < 0,001). Conclusão: Portanto, neste estudo não houve diferença entre os sexos com relação ao pior desfecho, mas foi observado que pacientes mais idosos tiveram um pior desfecho (óbito); pode-se deduzir, apenas, que se há realmente uma diferença no desfecho alta e óbito entre os sexos, essa diferença não é muito discrepante se comparado com outros fatores de risco, como a idade. Ainda vale ressaltar que a mediana do tempo de internação em pacientes com desfecho de alta pode ser relevante para presumir o tempo necessário de cuidados intensivos em um leito de UTI para a recuperação do indivíduo e, assim, estipular os custos que um paciente nessa situação pode gerar ao sistema de saúde público.