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DETECÇÃO DE PATÓGENOS CANINOS EM ANIMAIS SILVESTRES DE VIDA LIVRE NO SUL DO BRASIL
Última alteração: 12-11-2020
Resumo
A transmissão de patógenos (protozoários, bactérias e vírus) entre espécies já foi relatada em muitos trabalhos. A coleta em animais domésticos e silvestres atropelados é uma alternativa para obter amostras e identificar agentes patogênicos, como por exemplo, Babesia vogeli, Ehrlichia canis, Leishmania infantum e o Parvovírus canino 2 (CPV-2), para que desta forma seja possível realizar um estudo epidemiológico interespécies. O presente estudo possui a finalidade de identificar agentes patogênicos (B. vogeli, E. canis, L. infantum e CPV-2) em animais silvestres e domésticos atropelados, próximo da região metropolitana de Porto Alegre. Inicialmente foi realizado um levantamento dos mamíferos atropelados na RS-040 (estado do Rio Grande do Sul) entre abril de 2018 e março de 2019. Foram realizadas 33 viagens, percorrendo um total de 5.280 quilômetros. Os animais atropelados eram identificados, fotografados e sua localização geográfica era anotada por GPS. Os animais que apresentavam um baixo grau de decomposição eram necropsiados in loco e fragmentos de órgãos eram coletados e refrigerados e consequentemente congelados em -14ºC. Ectoparasitas eram coletados quando visualizados. O DNA das amostras foi extraído pelo método de sílica e em seguida realizados a amplificação do material por qPCR para os patógenos em questão conforme descrito na literatura. Foram observados um total de 486 animais atropelados. Todos os mamíferos foram classificados em 4 classes, 22 ordens, 38 famílias e 51 gêneros/espécies. Foram necropsiados um total de 31 mamíferos silvestres e 6 cães domésticos, sendo que 28 desses corpos totais foram encontrados em áreas rurais. Foram encontrados carrapatos em 7 animais, dado que 4 eram gambás-de-orelha-branca, 2 graxains do mato e um graxaim do campo. Os carrapatos foram identificados como R. sanguineus, Amblyomma e Ixodes. Os mamíferos silvestres foram negativos para B. vogeli, E. canis e L. infantum, já o DNA de CPV-2 foi amplificado em 5 animais (três gambás, um graxaim do campo e uma ratazana). Ainda, os seis cães não foram detectados com B. vogeli e L. infantum, mas um cão foi positivo para E. canis e quatro para CPV-2. A identificação do DNA de Ehrlichia canis ainda não havia sido reportada na região, dado isto, este é o primeiro achado por métodos moleculares no Rio Grande do Sul do agente. Esta descoberta é motivo de preocupação para os animais silvestres, uma vez que estes podem estar em contato com cães errantes, já que os atropelamentos ocorreram na mesma área. O roedor positivo provavelmente contraiu o agente onde algum animal doente estava presente. Para nosso conhecimento esta é a primeira identificação de CPV-2 em roedores pelo método de PCR.