Última alteração: 12-11-2020
Resumo
A constante renovação da vegetação proporciona a formação de uma fonte constante de matéria orgânica pela deposição do material que é formador da serapilheira, proporcionando a reciclagem de nutrientes. As samambaias formam um importante grupo vegetal, com grande potencial bioindicador devido à sua diversidade, estratégia de reprodução e por estarem diretamente vinculadas aos fatores abióticos do meio.O objetivo do estudo foi averiguar se as variações morfológicas e anatômicas (espessura foliar, área e massa foliar) de espécies de samambaias influenciam na decomposição da serapilheira em um fragmento de Floresta Atlântica, Campo Bom/RS. Foram selecionadas seis espécies de samambaias: Asplenium serra Langsd. & Fisch., Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin, Elaphoglossum macrophyllum (Mett.ex Kuhn) Christ, Lastreopsis amplissima (C. Presl.) Tindale, Neoblechnum brasiliense (Desv.) Gasper & V.A.O. Dittrich e Polybotrya cylindrica Kaulf. A decomposição foi avaliada durante seis meses, utilizando-se bolsas de decomposição (litterbags), com avaliação mensal da massa remanescente nas mesmas. Para cada espécie foi analisada a espessura foliar (EF), área foliar (AF) e massa foliar (MF). Os dados foram submetidos ao teste de normalidade, seguido de análise de componentes principais (PCA) e correlação. Em relação a decomposição foliar, a constante diária (k) no período de 184 dias, a espécie A. serra apresentou a maior constante de decomposição (0.0078 g.dia-1) e L. amplissima, a menor constante (0.0016 g.dia-1). Por consequência, o menor tempo de meia vida foi observado na primeira espécie, e o maior tempo, na segunda espécie. Foram constatadas diferenças entre as variáveis morfológicas sendo que C. atrovirens apresentou os maiores valores para AF e MF, enquanto E. macrophyllum apresentou maior valor em EF. A PCA demonstrou a distinção entre as espécies das plantas em relação ao período de decomposição e as variáveis morfológicas. A variação explicada nos dois primeiros eixos foi de 99,2%. O primeiro eixo foi correlacionado negativamente com a espessura foliar (EF) e E. macrophyllum. O segundo eixo foi correlacionado com o período de decomposição da serapilheira e N. brasiliense. Correlações positivas também foram constatadas entre o volume da serapilheira remanescente nas bolsas e as variáveis de MF e AF. As características morfológicas analisadas contribuíram para os diferentes resultados obtidos para a decomposição das folhas de samambaias.