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CORPO FEMININO E A VIOLÊNCIA
Última alteração: 12-11-2020
Resumo
Elaborado a partir da pesquisa “Juventudes contemporâneas de periferia e a sala de aula: discursos, tensionamentos e possibilidades”, o presente estudo está articulado a partir dos aportes teóricos-metodológicos dos Estudos Culturais e Estudos de Gênero em vertente pós-estruturalista. O objetivo é está em analisar e problematizar as falas de jovens de 13 a 16 anos, alunas do 8° ano de uma escola pública do município de Sapucaia do Sul (RS), localizada em uma região de periferia urbana. Como estratégia metodológica, valemo-nos dos grupos de discussão com vinte e cinco alunas, estudantes de duas turmas, que narraram situações de controle dos seus corpos dentro e fora do ambiente escolar. Nos grupos de discussão as conversas realizadas foram gravadas em áudio e posteriormente degravadas. O que chama mais a atenção está no fato de todas as jovens já terem passado por situações de assédio e importunação, muitas vezes em espaços populares (como hipermercados). Percebemos que a família tenta proteger as jovens, contudo ensinam e orientam que elas que devem, antes de tudo “se cuidar”, observando a escolha de suas roupas e dos locais que frequentam. Os meninos não são ensinados a se comportarem perto do sexo oposto, porque quem deve ser ensiada ater postura é a mulher. Podemos pensar que discursos históricos, que culpabilizam as mulheres pelas violências que sofrem acabam por constituir os modos de ser e de viver dessas jovens. A instituição escolar é perpetuadora desses discursos, ao regular enfaticamente as roupas femininas, justificando que determinadas peças fazem os colegas “perderem” a concentração. Em sociedades marcadas por desigualdades entre homens e mulheres, a violência de gênero ocorre com maior frequência, sendo um fenômeno cultural e estrutural. Projetando o atual momento de pandemia do Covid-19, abrimos a discussão para análise de como as agressões físicas, sexuais, psicológicas e morais aumentam, por isolar pessoas vulneráveis com seus agressores. Destacamos aqui, que as jovens sentem-se oprimidas e com medo seus apontamentos mostram que ao andarem na rua já pensam como podem se defender, caso atacadas. Além de baixarem a cabeça com intuito de não chamar atenção ao passar por um grupo de homens Em vista da escuta realizada este estudo espera contribuir, apoiado nos aportes teóricos, para a produção de novas práticas educativas e pedagógicas que visem contribuir para uma educação mais igualitária para todos.