Última alteração: 12-11-2020
Resumo
O Brasil consta como o quinto colocado entre os dez países recordistas em mortes no trânsito, ocasionadas por comportamentos de risco, como o uso de álcool e direção, os quais levam à suspensão/cassação da Carteira Nacional de Habilitação. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo geral verificar a prevalência do uso de álcool como razão para suspensão da Carteira Nacional de Habilitação. Além disso, como objetivos específicos: descrever o perfil sociodemográfico dos motoristas reciclados/reabilitados ou em processo de reciclagem/reabilitação por uso de álcool e outras drogas; e, identificar quais comportamentos de risco que levaram à suspensão/cassação da Carteira Nacional de Habilitação. Trata-se de um estudo descritivo de levantamento retrospectivo realizado por meio de pesquisa documental, que teve como amostra motoristas infratores e reciclados/reabilitados ou em processo de reciclagem/reabilitação no período de janeiro de 2012 a outubro de 2018, cadastrados nas bases de dados do DETRAN/RS. Os dados foram coletados junto à planilha desse órgão e inseridos no SPSS, versão 21, para obtenção da estatística descritiva por meio de análise univariada: frequências, médias e desvio padrão. Os procedimentos de coleta de dados foram realizados respeitando-se os preceitos éticos, diretrizes e normas estabelecidas na Resolução n.º 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos. A pesquisa teve início após apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Luterana do Brasil, CAAE número: 96366418.6.0000.534, parecer nº 2.928.662. Foram incluídos no estudo os dados referentes a 381.471 motoristas com Carteira Nacional de Habilitação suspensa ou cassada. Destes, foi apresentado o perfil sociodemográfico de 55.235 motoristas reciclados/reabilitados ou em processo de reciclagem/reabilitação por uso de álcool e outras drogas, especificamente. Os resultados demonstraram prevalência de 26,78% para o uso de álcool e outras drogas, maioria homens (94,2%), média de idade (41,19 anos ±11,9 anos), Ensino Médio Completo (29,3%), Carteira Nacional de Habilitação categoria B (39,4%), exerciam atividade remunerada (25,4%). Quanto aos demais comportamentos de risco, a perda da Carteira Nacional de Habilitação ocorreu devido à pontuação (31,86%), e excesso de velocidade em mais de 50% da permitida (26, 76%). Neste estudo, a prevalência da perda da Carteira Nacional de Habilitação, devido a comportamentos de risco que se configuram como infrações, mostrou-se bastante expressiva. Algo que chama a atenção é a não compreensão do quanto os comportamentos de risco podem ser graves, principalmente o uso de álcool e direção, levando a mortes no trânsito. Aplicar políticas públicas eficazes no que diz respeito à fiscalização, educação e segurança no contexto do trânsito concerne a um grande desafio. Assim, é necessário que se reforce a educação para o trânsito tanto na população em geral, como em intervenções continuadas no contexto escolar, desde as séries iniciais.