Portal de Eventos da ULBRA., XXV SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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ASCENSÃO DA EXTREMA-DIREITA: IMPLICAÇÕES PARA EDUCAÇÃO
Alison dos Santos, Carin Klein

Última alteração: 10-09-2019

Resumo


O presente artigo discorre sobre a ascensão da extrema direita e do bolsonarismo no Brasil, sobretudo, ao refletir alguns de seus impactos à Educação. Neste sentido, para a realização das análises tomamos o referencial teórico dos Estudos Culturais e de Gênero, em aproximação com a perspectiva pós-estruturalista. O material empírico foi produzido a partir dos discursos divulgados em dois artefatos culturais da plataforma Youtube: Olavo de Carvalho e Nando Moura. A emergência da extrema-direita brasileira ao poder, através da figura representativa do presidente eleito pelo PSL (Partido Social liberal), tem evidenciado, tanto ao longo do período eleitoral, como no governo que inicia, intensa ameaça à democracia, contrariando interesses de intelectuais, da ampliação de direitos sociais das chamadas minorias, às liberdades individuais, promovendo um ataque a muitas formas de educação vigentes. Neste contexto, discutimos a dimensão constitutiva que o ciberespaço tem desempenhado na mobilização política contemporânea. Compreendemos que o debate político traçado no cenário brasileiro atual ocorre fortemente a partir da negociação dos significados em torno do gênero, sexualidade, religião, etnia/raça, classe social, nacionalidade, dentre outros, colocando-os no centro dos processos simbólicos e de poder pelos diferentes grupos sociais e políticos que disputam hegemonia. Nesta perspectiva, o discurso elaborado pela publicidade e pela propaganda do Partido Social Liberal para captação de eleitores/as, baseia-se no que a eles tem nomeado como pauta dos “costumes”. Desse modo, investe-se na instituição de um pânico moral que parte de quatro princípios políticos que se tornaram as principais “bandeiras” desde a campanha eleitoral: o projeto “Escola sem partido” – que intenciona impor uma mordaça aos educadores para que não dialoguem questões políticas, de gênero e sexualidade; o estatuto do nascituro – que está intimamente ligado a regularização do aborto; o estatuto da família – que visa retroceder os avanços alcançados para o casamento homoafetivo; e, por fim, a pauta da “ideologia de gênero” - que pretende coibir qualquer abordagem ligada a gênero e sexualidade nas escolas. Diante disso, delineamos algumas indagações para o estudo: De que forma o debate político tem sido acirrado, impulsionando a produção e a veiculação de sentidos ligados a extrema-direita? O que é dito e quais são os embates em torno do gênero e da sexualidade? Quais os efeitos que a emergência deste discurso de extrema-direita pode trazer para os processos educativos e para construção das subjetividades? Identificamos que a ascensão da extrema-direita ao poder também se encontra relacionada diretamente com a apropriação do ciberespaço pelos grupos conservadores, que o utilizam como ferramenta de regulação do debate político contemporâneo, construindo sentidos e significados de cunho conservador que se disseminam fortemente através da reprodução em mídias sociais. Assim, podemos pensar a cibercultura como um campo produtivo de disputas, onde este debate político tem sido impulsionado na tentativa de desconstrução dos discursos acadêmicos, assim como o enfraquecimento de movimentos sociais.

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