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O trabalho reprodutivo (TR) está relacionado a atividades de sustentação humana e o trabalho produtivo (TP) na geração de bens e serviços visando o lucro (Bruschini, 2007). A produção não existiria sem a reprodução social, porém este não é reconhecido socialmente e baseia-se na subordinação da opressão de gênero, pois foi relegada a uma capacidade feminizada definida como amor por uma dimensão ideológica sobre as representações sociais quanto aos gêneros (Arruzza, Bhattacharya & Fraser 2019). Diante disso, busca-se propor uma discussão sobre esta dinâmica social fazendo uso dos dados deste estudo para colaboração em pesquisas futuras. O presente estudo é uma análise comparativa da qualidade de vida entre mulheres que realizam trabalho reprodutivo e mulheres que conciliam estas atividades com trabalho produtivo a partir do recorte dos dados parciais da pesquisa intitulada ‘’Determinantes da qualidade de vida dos responsáveis pelas famílias beneficiadas de um programa social de habitação na região metropolitana de Porto Alegre/RS’, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA (parecer 3.452.076). Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo com delineamento observacional de tipo analítico em recorte transversal efetuada em um conjunto habitacional destinado a população de baixa renda beneficiada por um programa social governamental. As entrevistadas responderam um questionário dados sociodemográficos e para avaliar as suas percepções sobre qualidade de vida foi utilizado o instrumento WHOQOL-bref composto por 26 questões que estão divididas em quatro domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente. Para a tabulação e análise dos dados foi utilizado uma ferramenta a partir software Microsoft Excel (Pedroso, Pillati, & Gutierrez, 2010). Com o recorte parcial dos dados obteve-se 17 entrevistadas, sendo 11 trabalhadoras produtivas e 6 trabalhadoras reprodutivas, com idades médias de 48 anos. Em relação a etnia, 11 participantes se autodeclaram brancas, 4 negras e 2 pardas. O estado civil das TP se configurou em 50% solteiras, 25% casadas, 16,7% viúvas e 8,3% divorciadas, e as TR 42% em união estável e 57,2% solteiras, casadas, viúvas e divorciadas. A renda familiar média de ambos os grupos é de um salário mínimo. Sobre a escolaridade, as TP 66,7% têm ensino fundamental incompleto, 33,3% têm fundamental completo, nível técnico e superior incompleto, 42,9% das TR têm fundamental incompleto e 57,2% fundamental completo, médio incompleto, médio completo e superior incompleto. Pode-se observar que o grupo TP apresentou as melhores médias em todos os domínios e QV geral em relação ao grupo de TR. Ambos apresentaram seus melhores resultados no domínio Relações Sociais e obtiveram resultados semelhantes no domínio Meio Ambiente, demonstrando pouca satisfação. Há discordância no domínio Físico, as TP apresentaram resultados mais satisfatórios do que as TR. Foi constatada diferenças significativas no domínio Psicológico, o grupo TR apresentou seus piores resultados, enquanto as TP obtiveram seus melhores resultados neste domínio.