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OCORRÊNCIA DO ENDOPARASITO POLYMORPHUS BREVIS (VAN CLEAVE, 1916) (ACANTHOCEPHALA, POLYMORPHIDAE) EM BOTAURUS PINNATUS (WAGLER, 1829) (AVES, ARDEIDAE) NO SUL DO BRASIL
Última alteração: 10-09-2019
Resumo
A espécie Botaurus pinnatus (Wagler, 1829), ou popularmente conhecida como socó-boi-baio, distribui-se geograficamente desde o sudeste do México ao norte e centro da Argentina. Há, também, registro de ocorrência da espécie por todo o Brasil. Os ardeídeos são aves que apresentam características adaptadas para áreas úmidas e alagadas, e alimentam-se de moluscos, insetos, peixes, anfíbios e répteis. Ainda, essas aves podem servir como hospedeiros definitivos de várias espécies de endoparasitos. No Brasil, pouco são os estudos sobre os endoparasitos que infectam B. pinnatus. Este trabalho, portanto, tem o objetivo de ampliar pesquisas sobre a fauna de endoparasitos da espécie B. pinnatus no Rio Grande do Sul (RS). Um espécime de socó-boi-baio (n = 1) foi encontrado morto no mês de novembro de 2015, na rodovia RS-040, localizada no município de Viamão. Após ser destinado para análise em laboratório, realizou-se a necropsia, onde os órgãos foram separados em placas de petri e imersos em ssf 0.85%. Os endoparasitos coletados foram fixados entre lâmina e lamínula em A.F.A e as lâminas permanentes foram montadas com bálsamo do Canadá. Os espécimes foram identificados com base nas características morfológicas e na morfometria, medidos e fotografados. Os acantocéfalos foram depositados na Coleção Helmintológica (CHMU) no Museu de Ciências Naturais da ULBRA. Os espécimes foram determinados como Polymorphus brevis (Van Cleave, 1916) (n = 166) e tem como micro-habitat o intestino grosso. Apresentaram corpo distintamente ampliado na metade anterior comparado à extremidade posterior, cuja forma é alongada e cilíndrica; probóscide alongada com expansão conspícua próxima ao centro, armada com 18 linhas longitudinais de ganchos; ganchos basais quase retos e ganchos robustos aproximadamente ao meio da probóscide; colo nu, retrátil afunilando-se na direção da probóscide; glândulas de cemento longas e estreitas; testículos ovais, localizados na parte anterior do corpo. Os espécimes examinados apresentaram medidas morfológicas semelhantes aquelas relatadas para P. brevis em estudos anteriores, contudo, algumas medidas de probóscide e ganchos apresentaram diferenças. A família Polymorphidae Meyer, 1931 reúne parasitos de aves aquáticas e costeiras ou ocasionalmente de mamíferos aquáticos e peixes. As larvas se desenvolvem em invertebrados aquáticos e esses são consumidos pelo hospedeiro final. O presente trabalho acrescenta o primeiro registro de P. brevis no Estado e, também, infectando B. pinnatus. Espera-se que o trabalho contribua com outros registros da biodiversidade de acantocéfalos parasitando aves aquáticas e para análises da interação hospedeiro-parasita no RS.