Tamanho da fonte:
O ENSINO COMO PLATAFORMA DE MUDANÇA
Última alteração: 10-09-2019
Resumo
Produzido a partir da pesquisa “Juventudes contemporâneas de periferia e a sala de aula: discursos, tensionamentos e possibilidades”, o presente estudo está articulado a partir dos campos teóricos dos Estudo Culturais em Educação e dos Estudos sobre Juventude. Temos como objetivo central analisar o que pensam alunos do 9° ano do Ensino Fundamental sobre o ingresso no Ensino Superior e a realização de uma graduação. Tais alunos são jovens, com idades entre 14 e 18 anos, estudantes de duas escolas das redes públicas de ensino na cidade de Canoas (RS) localizadas, respectivamente nos bairros Guajuviras e Mato Grande. De base qualitaviva , utilizamos como ferramentas metodológicas questionários, aplicados individualmente, para sessenta e quatro alunos que tematizavam sobre a constituição de suas culturas juvenis e ainda, grupos de discussão sobre suas respostas. Com base em suas respostas para perguntas como "Pensa em fazer faculdade? Qual curso?", foi possível analisar que a maioria deles têm como objetivo a continuidade da escolarização no Ensino Médio e o ingresso no Ensino Superior. A partir das respostas dadas pode-se depreender que a continuidade de estudos tem como objetivo o desejo de uma ascensão na vida, proveniente de um bom emprego proporcionado pela formação no Ensino Superior. Jovens de bairros periféricos que veem a escola como o lugar que deve dar suporte, por meio do conhecimento, para que tenham um futuro promissor pois, pelas suas respostas, não querem interromper a escolarização, mesmo na procura de um emprego. Frente a análise dos dados juntamente com embasamentos teóricos, é possível relacionar essa grande demanda de respostas positivas com o ensino superior às políticas públicas e afirmativas que foram realizadas nos últimos anos, com programas que buscavam inclusão e diversificação das universidades. O acesso que alguns anos atrás era impensável para pessoas de baixa renda, visto como “coisa de rico” e que hoje com esse acesso ''facilitado" faz com que esses jovens vejam alguém do seu convívio que teve essa possibilidade. Torna assim, possível o sonho apesar das suas condições sociais. Vale ainda destacar que, em certo grau, o ensino superior também não era considerado para as mulheres e com as respostas das meninas, maioria decidida da carreira que visa seguir, mostra a relação com o empoderamento feminino que vivemos podendo ela estar onde quiser. Este estudo busca mostrar como as políticas públicas e movimentos de reconhecimento tanto de gênero quanto étnico-racial estão guiando o desejo e o futuro da juventude, de forma positiva, dando uma ressignificação social para a faculdade que se tornou uma plataforma de mudança de vida para jovens da periferia.